quarta-feira, 10 de abril de 2013

Formação Continuada e o Projeto Sala de Educador em Mato Grosso

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Formação Continuada e a Re-significação das Práticas Pedagógicas: A Objetividade e a Subjetividade da Formação Continuada no Projeto Sala de Educador desenvolvido pelos Centros de Formação e Atualização dos Profissionais da Educação Básica em Mato Grosso.



PEREIRA,Sara Cristina Gomes/CEFAPRO-Sinop-MT

Resumo
Este texto apresenta alguns apontamentos sobre o desenvolvimento e a implementação das ações de Formação Continuada envolvendo os profissionais do CEFAPRO no Estado de Mato Grosso e no Polo de Sinop. Relata também as atividades desenvolvidas neste Centro pelos professores formadores junto as escolas da rede pública do Estado. Apresentando também a Formação Continuada atualmente desenvolvida pelos Centros de Formação e Atualização dos Profissionais da Educação Básica do Estado junto as instituições escolares.


A objetividade e a Subjetividade da Formação Continuada no Projeto Sala de Educador desenvolvido pelos CEFAPROS junto as Instituições escolares de Educação Básica em Mato Grosso. Em se tratando de Formação Continuada pontos importantes para reflexão:
Como os estudos durante o Projeto Sala do Educador afetam nosso desempenho profissional? Por que participar deste Projeto? O que sentimos ao participar destes encontros? Conseguimos de fato envolver-nos ou engajar-nos nesta proposta de Formação Continuada? Quais as transformações percebidas por nós a medida que estes estudos acontecem? Qual a concepção política e ideológica que sustenta a Formação Continuada em Mato Grosso? A que propósito serve a Formação Continuada? A construção de conhecimentos e Capacidades desenvolvidas nesta formação responde a um modelo ou parte do principio que o profissional de educação é agente de desenvolvimento curricular e humano? A Formação Continuada em questão está centrada na instituição e seus anseios ou no profissional? Em que medida o profissional que participa da Formação Continuada compromete-se com sua própria formação e vê nela possibilidade de transformações de sua prática? Como acontece a interação e a socialização das experiências no processo de Formação Continuada?
Estas são apenas algumas indagações que orientam os estudos sobre a Formação Continuada. Para respaldar a subjetividade destes questionamentos será significativo evidenciar que um dos objetivos deste texto será detectar qual a concepção política e ideológica que sustenta a Formação Continuada em questão, tendo em vista que segundo (Fusari,2002) há tendências diversificadas de Formações Continuadas, como por exemplo a tendência Tradicional que prevê além da aquisição do conhecimento uma mudança de atitude por parte dos profissionais, outras tendências em formação continuada também são sugeridas pelo autor como a Tendência Tecnicista a Tendência Critico-reprodutiva e a Tendência Crítica cada uma destas tendo suas peculiaridades. Desta forma cabe analisar, qual tendência de Formação Continuada orienta minha formação?
O Livro; Os professores e sua Formação (Nóvoa,1992) aponta para a importância de considerarmos o perigo do praticismo/pragmatismo nas ações de Formação Continuada bem como a importância da superação da dicotomia teoria/prática pois para o autor esta superação constitui-se um grande desafio. Outra questão relevante no tocante a Formação Continuada tem sido quais as contribuições desta nas relações que se estabelecem entre educadores e estudantes (Mizukami,2002) considerando que, a educação tradicional prevê uma relação vertical entre professor-aluno e oque é privilegiado nas relações de Formação Continuada muitas vezes são apenas aspectos formais como metodologias, conteúdos, currículos, registros dentre outros, em detrimento de aspectos “não lógicos” como afetos, emoções, expressões do inconsciente, aspectos estes que influenciam diretamente no fazer pedagógico, se consideramos que o professor/educador será indubitavelmente objeto de transferência dos desejos do estudante e o desejo de saber deste se aferra a pessoa do educador.
Nesta perspectiva cabe-nos indagar até que ponto a Formação Continuada proporciona ou possibilita momentos de disponibilidade de um profissional para com o outro, para o diferente para a heterogeneidade? Outras questões relevantes são: Oque nos sustenta na profissão professor/educador? Qual o modelo de Formação Continuada que estou filiado, tenho consciência deste modelo? Considerando que segundo Nóvoa(1992) temos diferentes modelos de Formação Continuada com objetivos diversos como por exemplo: O modelo Clássico desenvolvido pelas Universidades, Secretarias de Educação e Ministério da Educação, além destes temos o Modelo Estruturante o Modelo Construtivista e a Formação Continuada via metodologia ativa-construtivista que envolve a formação segundo a ótica da ação-reflexão-ação.
E neste sentido a Formação Continuada desloca-se dos espaços das Universidades para o espaço da escola básica segundo Nóvoa (1992) este modelo de Formação permite a valorização do saber docente, pois considera o contexto no qual o docente está inserido, diferenciando-se de “pacotes de Formação Padronizados”. Seguindo esta lógica Candau( 1990) corrobora com o pensamento de que a escola deve ser lócus de Formação Continuada e valorização do saber docente, mais que isso que durante estes momentos de Formação sejam considerados aspectos fundamentais como os diferentes ciclos de vida profissional em consonância com Hubermam(1989) que aponta para a importância de durante a Formação Continuada considerar a subjetividade de cada profissional, ou os diferentes Ciclos de vida dos educadores bem como sua diversidade e seus interesses, este denomina-se como “Modelo Construtivista de Formação Profissional”.
Tal modelo deverá levar em conta os desafios e possibilidades no processo de Formação Continuada de Professores/educadores. Desta forma nos cabe indagar em que medida a Formação Continuada articula a Formação com as experiências desenvolvidas na instituição escolar? Em que medida ou até que ponto percebo a valorização dos saberes prévios e práticos dos profissionais com quem atuo? Consigo perceber o modelo de Formação Continuada? Considerando os modelos propostos por Nóvoa(1992) como modelo interativo/reflexivo? Entendo de fato as implicações destes modelos diferentes de Formação Continuada? Segundo Mizukami(2002) a formação continuada será mais efetiva quando os profissionais forem investigadores pesquisadores e as pautas e ou estudos surgirem da necessidade deles, desta forma serão como sementes para mudanças maiores.
Neste sentido cabe-nos rememorar as origens da Formação Continuada em Mato Grosso, sua Trajetória seus conflitos e tensões. Porém reconhecemos que a Formação Continuada gestada e gerida pelos próprios profissionais da educação terão mais exito e gerarão mais participação e desejo de transformações, quando o professor/educador for o protagonista do seu desenvolvimento profissional, desde que lhe sejam garantidas condições de formação, atuação e mudança, nesta perspectiva a Formação Continuada se dá num movimento processual e contínuo. Considerando esses aspectos os CEFAPROS ( Centros de Formação e Atualização dos Profissionais da Educação do Estado de Mato Grosso), vinculados a Superintendência de Formação – SEDUC/MT, trabalham com o objetivo de propiciar a Formação Continuada para os profissionais da Educação Básica na própria escola, esse movimento possibilita em tempo real aliar teoria/prática, considerando a atuação e reflexão, respeito ao tempo e ritmo de cada instituição para que haja o aprofundamento teórico/metodológico.


Ao Observarmos os movimentos relativos a Formação Continuada nas décadas de 80, 90 e na atualidade e ao percebermos que os diversos segmentos da sociedade manifestam insatisfação e preocupação com a qualidade da educação uma vez que a educação sofre reflexos da sociedade globalizada e em meio a todas estas transformações e com fins de universalizar o acesso à Educação e satisfazer as necessidades de aprendizagem de todos com qualidade, muitos estudos e reflexões tem sido feitos.

Além das formações propostas pelas esferas Federal ( MEC) e Estadual (SEDUC) o foco principal das ações do CEFAPRO tem sido o fortalecimento e o desenvolvimento do Projeto “Sala de Educador” cujo principal objetivo é fortalecer a Escola como espaço formativo, objetivando o comprometimento coletivo e a construção da aprendizagem. Neste sentido, várias ações são desenvolvidas pelos Centros de formação como: orientação, elaboração, acompanhamento e avaliação dos projetos de cada unidade escolar, orientação e formação de educadores, articulação com assessorias pedagógicas e secretarias municipais que objetivam a efetiva implementação do Projeto Sala de Educador e demais ações formativas quer sejam da esfera municipal, estadual ou federal.
Considerando assim, que os projetos de Formação Continuada elaborados pelas instituições escolares deverão ser coerentes e integrar as necessidades de crescimento profissional, a melhoria da aprendizagem dos estudantes, tornando a escola uma comunidade essencialmente educativa para que os projetos não se confundam com respostas formais às exigências ou com planos de formação à margem das escolas, mas promova a reflexão e havendo a necessidade a reelaboração das atividades educacionais. A Formação Continuada nesta perspectiva é entendida como qualificação contínua e não apenas como desenvolvimento de competências e habilidades fragmentadas, estanques, mutantes na corrida por cursos que propiciam apenas acumulação de pontos e ou certificações.
Neste sentido é relevante considerar que Nóvoa (1992) destaca, diferentes tendências, bem como diferentes modelos de Formação Continuada, como o modelo Clássico ou Estruturante proposto pelas instituições de ensino desenvolvidos pelo Ministério da Educação, Universidades, Secretarias e demais instituições de ensino e o modelo Construtivista ou Interativo/Reflexivo que acontece nas próprias escolas, este último envolvendo a formação ativa-construtivista que aponta para a formação segundo a ótica da ação-reflexão-ação possibilitada pela pesquisa-ação proposta por Thiollent (1998).
Tal Formação Constitui-se ainda como difusora de conhecimento em articulação com os conhecimentos presentes na rede pública sendo capaz de por meio deste conhecimento analisar os impactos das inovações introduzidas na qualidade da rede pública e em conformidade com este pensamento Mizukami (2002) diz que a Formação Continuada será mais efetiva quando os profissionais forem investigadores pesquisadores e as pautas e ou planejamentos de estudos surgirem da necessidade deles, ou seja, da realidade de cada instituição, ou ainda de cada grupo de professores/educadores seguindo uma lógica de necessidades e interesses que podem ser da coletividade ou mesmo do interesse de cada um, construindo formas de atuação e avaliação pela própria rede de ensino.
A formação continuada especialmente a proposta pelo projeto Sala de Educador envolve uma rede de colaboração entre, Seduc, Superintendência de Formação, Cefapros, Instituições de Formação Inicial, Assessorias Pedagógicas, Secretarias Municipais de Educação e Escolas.

Dentre as ações de formação os professores formadores atuam no sentido de: Diagnosticar, junto aos professores, as necessidades educativas, formativas e demandas da sua área de atuação; Planejar as ações de formação, viabilizando metodologias que atendem às necessidades formativas dos professores do polo; Elaborar o plano de ação por área de conhecimento; Desenvolver projetos de intervenção referentes às necessidades diagnosticadas em cada campo de atuação; Acompanhar e executar as ações formativas em consonância com os Projeto Pedagógicos; Promover e gerenciar a auto-formação para o bom desenvolvimento de seu trabalho, atualizando-se em relação aos conhecimentos científicos e tecnológicos; Avaliar juntamente com a equipe gestora o processo de formação desenvolvido pelo CEFAPRO no decorrer de cada período letivo; Orientar, monitorar, acompanhar e avaliar o trabalho deseonvolvidos nos Laboratórios de Informática e demais ações tecnológicas das unidades escolares; fazer avaliações determinadas pela comissão permanente de avaliação.
Estas ações de Formação em conformidade com os demais projetos de pesquisa elaborados pelos Centros de Formação ou em parceria com outras instituições de educação tem sido referência em Formação Continuada para outras regiões do país, objetivando consolidar a política de formação, qualificação e atualização dos Profissionais da rede pública de ensino do Estado de Mato Grosso, ampliando e criando possibilidades novas para que os educadores possam atuar de forma a aliar teoria/prática.
O texto então nos leva a voltar nossa atenção as perguntas elencadas inicialmente e fazer uma séria reflexão a cerca de qual a concepção de Formação Continuada atualmente em desenvolvimento em nossas unidades escolares, com fins de observar se a mesma está em sintonia com a proposta de formação continuada preconizada pelos programas e projetos para o Estado de Mato Grosso.




REFERÊNCIAS

CANDAU, Vera Maria e LELIS, Isabel Alice. A relação teoria-prática na formação do educador. In: CANDAU, Vera Maria (org.). Rumo a uma nova didática. Petrópolis, RJ: Vozes, 3ª edição, 1990, 49-63.
FUSARI, José Cerchi et alli (2002). Reformas da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo: considerações críticas. In: Revista de Educação: Progressão continuada ou aprovação automática?, nº 13. São Paulo: APEOESP. 2ª edição.
HUBERMAN, M. La vie do enseignants: evolution et bilan de une profession. Paris: Delachaux et Niestlé, 1989.
__________. Formação de professores: pesquisa, representações e poder. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.
MIZUKAMI, M. G. N., et al. Escola e aprendizagem da docência: processos de investigação e formação. São Carlos: EdUFSCar, 2002.

NÓVOA, A. (Org.). Vidas de Professores. Porto: Porto Editora, 1992.
__________. Os professores e sua formação. Lisboa: Nova Enciclopédia, 1992.

THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. 4 ed. São Paulo: Cortez, 1998.









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