Formação
Continuada e a Re-significação das Práticas Pedagógicas: A
Objetividade e a Subjetividade da Formação Continuada no Projeto
Sala de Educador desenvolvido pelos Centros de Formação e
Atualização dos Profissionais da Educação Básica em Mato Grosso.
PEREIRA,Sara
Cristina Gomes/CEFAPRO-Sinop-MT
Resumo
Este
texto apresenta alguns apontamentos sobre o desenvolvimento e a
implementação das ações de Formação Continuada envolvendo os
profissionais do CEFAPRO no Estado de Mato Grosso e no Polo de Sinop.
Relata também as atividades desenvolvidas neste Centro pelos
professores formadores junto as escolas da rede pública do Estado.
Apresentando também a Formação Continuada atualmente desenvolvida
pelos Centros de Formação e Atualização dos Profissionais da
Educação Básica do Estado junto as instituições escolares.
A objetividade e a
Subjetividade da Formação Continuada no Projeto Sala de Educador
desenvolvido pelos CEFAPROS junto as Instituições escolares de
Educação Básica em Mato Grosso. Em se tratando de Formação
Continuada pontos importantes para reflexão:
Como os estudos
durante o Projeto Sala do Educador afetam nosso desempenho
profissional? Por que participar deste Projeto? O que sentimos ao
participar destes encontros? Conseguimos de fato envolver-nos ou
engajar-nos nesta proposta de Formação Continuada? Quais as
transformações percebidas por nós a medida que estes estudos
acontecem? Qual a concepção política e ideológica que sustenta a
Formação Continuada em Mato Grosso? A que propósito serve a
Formação Continuada? A construção de conhecimentos e Capacidades
desenvolvidas nesta formação responde a um modelo ou parte do
principio que o profissional de educação é agente de
desenvolvimento curricular e humano? A Formação Continuada em
questão está centrada na instituição e seus anseios ou no
profissional? Em que medida o profissional que participa da Formação
Continuada compromete-se com sua própria formação e vê nela
possibilidade de transformações de sua prática? Como acontece a
interação e a socialização das experiências no processo de
Formação Continuada?
Estas são apenas
algumas indagações que orientam os estudos sobre a Formação
Continuada. Para respaldar a subjetividade destes questionamentos
será significativo evidenciar que um dos objetivos deste texto será
detectar qual a concepção política e ideológica que sustenta a
Formação Continuada em questão, tendo em vista que segundo
(Fusari,2002) há tendências diversificadas de Formações
Continuadas, como por exemplo a tendência Tradicional que prevê
além da aquisição do conhecimento uma mudança de atitude por
parte dos profissionais, outras tendências em formação continuada
também são sugeridas pelo autor como a Tendência Tecnicista a
Tendência Critico-reprodutiva e a Tendência Crítica cada uma
destas tendo suas peculiaridades. Desta forma cabe analisar, qual
tendência de Formação Continuada orienta minha formação?
O Livro; Os
professores e sua Formação (Nóvoa,1992) aponta para a importância
de considerarmos o perigo do praticismo/pragmatismo nas ações de
Formação Continuada bem como a importância da superação da
dicotomia teoria/prática pois para o autor esta superação
constitui-se um grande desafio. Outra questão relevante no tocante
a Formação Continuada tem sido quais as contribuições desta nas
relações que se estabelecem entre educadores e estudantes
(Mizukami,2002) considerando que, a educação tradicional prevê uma
relação vertical entre professor-aluno e oque é privilegiado nas
relações de Formação Continuada muitas vezes são apenas aspectos
formais como metodologias, conteúdos, currículos, registros dentre
outros, em detrimento de aspectos “não lógicos” como afetos,
emoções, expressões do inconsciente, aspectos estes que
influenciam diretamente no fazer pedagógico, se consideramos que o
professor/educador será indubitavelmente objeto de transferência
dos desejos do estudante e o desejo de saber deste se aferra a pessoa
do educador.
Nesta perspectiva
cabe-nos indagar até que ponto a Formação Continuada proporciona
ou possibilita momentos de disponibilidade de um profissional para
com o outro, para o diferente para a heterogeneidade? Outras questões
relevantes são: Oque nos sustenta na profissão professor/educador?
Qual o modelo de Formação Continuada que estou filiado, tenho
consciência deste modelo? Considerando que segundo Nóvoa(1992)
temos diferentes modelos de Formação Continuada com objetivos
diversos como por exemplo: O modelo Clássico desenvolvido pelas
Universidades, Secretarias de Educação e Ministério da Educação,
além destes temos o Modelo Estruturante o Modelo Construtivista e a
Formação Continuada via metodologia ativa-construtivista que
envolve a formação segundo a ótica da ação-reflexão-ação.
E neste sentido a
Formação Continuada desloca-se dos espaços das Universidades para
o espaço da escola básica segundo Nóvoa (1992) este modelo de
Formação permite a valorização do saber docente, pois considera o
contexto no qual o docente está inserido, diferenciando-se de
“pacotes de Formação Padronizados”. Seguindo esta lógica
Candau( 1990) corrobora com o pensamento de que a escola deve ser
lócus de Formação Continuada e valorização do saber docente,
mais que isso que durante estes momentos de Formação sejam
considerados aspectos fundamentais como os diferentes ciclos de vida
profissional em consonância com Hubermam(1989) que aponta para a
importância de durante a Formação Continuada considerar a
subjetividade de cada profissional, ou os diferentes Ciclos de vida
dos educadores bem como sua diversidade e seus interesses, este
denomina-se como “Modelo Construtivista de Formação
Profissional”.
Tal modelo deverá
levar em conta os desafios e possibilidades no processo de Formação
Continuada de Professores/educadores. Desta forma nos cabe indagar em
que medida a Formação Continuada articula a Formação com as
experiências desenvolvidas na instituição escolar? Em que medida
ou até que ponto percebo a valorização dos saberes prévios e
práticos dos profissionais com quem atuo? Consigo perceber o modelo
de Formação Continuada? Considerando os modelos propostos por
Nóvoa(1992) como modelo interativo/reflexivo? Entendo de fato as
implicações destes modelos diferentes de Formação Continuada?
Segundo Mizukami(2002) a formação continuada será mais efetiva
quando os profissionais forem investigadores pesquisadores e as
pautas e ou estudos surgirem da necessidade deles, desta forma serão
como sementes para mudanças maiores.
Neste sentido cabe-nos rememorar as origens da Formação Continuada
em Mato Grosso, sua Trajetória seus conflitos e tensões. Porém
reconhecemos que a Formação Continuada gestada e gerida pelos
próprios profissionais da educação terão mais exito e gerarão
mais participação e desejo de transformações, quando o
professor/educador for o protagonista do seu desenvolvimento
profissional, desde que lhe sejam garantidas condições de formação,
atuação e mudança, nesta perspectiva a Formação Continuada se dá
num movimento processual e contínuo. Considerando
esses aspectos os CEFAPROS ( Centros de Formação e Atualização
dos Profissionais da Educação do Estado de Mato Grosso), vinculados
a Superintendência de Formação – SEDUC/MT, trabalham com o
objetivo de propiciar a Formação Continuada para os profissionais
da Educação Básica na própria escola, esse movimento possibilita
em tempo real aliar teoria/prática, considerando a atuação e
reflexão, respeito ao tempo e ritmo de cada instituição para que
haja o aprofundamento teórico/metodológico.
Ao
Observarmos os movimentos relativos a Formação Continuada nas
décadas de 80, 90 e na atualidade e ao percebermos que os diversos
segmentos da sociedade manifestam insatisfação e preocupação com
a qualidade da educação uma vez que a educação sofre reflexos da
sociedade globalizada e em meio a todas estas transformações e com
fins de universalizar o acesso à Educação e satisfazer as
necessidades de aprendizagem de todos com qualidade, muitos estudos e
reflexões tem sido feitos.
Além das formações propostas pelas esferas Federal ( MEC) e Estadual (SEDUC) o foco principal das ações do CEFAPRO tem sido o fortalecimento e o desenvolvimento do Projeto “Sala de Educador” cujo principal objetivo é fortalecer a Escola como espaço formativo, objetivando o comprometimento coletivo e a construção da aprendizagem. Neste sentido, várias ações são desenvolvidas pelos Centros de formação como: orientação, elaboração, acompanhamento e avaliação dos projetos de cada unidade escolar, orientação e formação de educadores, articulação com assessorias pedagógicas e secretarias municipais que objetivam a efetiva implementação do Projeto Sala de Educador e demais ações formativas quer sejam da esfera municipal, estadual ou federal.
Considerando
assim, que os projetos de Formação Continuada elaborados pelas
instituições escolares deverão ser coerentes e integrar as
necessidades de crescimento profissional, a melhoria da aprendizagem
dos estudantes, tornando a escola uma comunidade essencialmente
educativa para que os projetos não se confundam com respostas
formais às exigências ou com planos de formação à margem das
escolas, mas promova a reflexão e havendo a necessidade a
reelaboração das atividades educacionais. A Formação Continuada
nesta perspectiva é entendida como qualificação contínua e não
apenas como desenvolvimento de competências e habilidades
fragmentadas, estanques, mutantes na corrida por cursos que propiciam
apenas acumulação de pontos e ou certificações.
Neste
sentido é relevante considerar que Nóvoa (1992) destaca, diferentes
tendências, bem como diferentes modelos de Formação Continuada,
como o modelo Clássico ou Estruturante proposto pelas instituições
de ensino desenvolvidos pelo Ministério da Educação,
Universidades, Secretarias e demais instituições de ensino e o
modelo Construtivista ou Interativo/Reflexivo que acontece nas
próprias escolas, este último envolvendo a formação
ativa-construtivista que aponta para a formação segundo a ótica da
ação-reflexão-ação possibilitada pela pesquisa-ação proposta
por Thiollent (1998).
Tal
Formação Constitui-se ainda como difusora de conhecimento em
articulação com os conhecimentos presentes na rede pública sendo
capaz de por meio deste conhecimento analisar os impactos das
inovações introduzidas na qualidade da rede pública e em
conformidade com este pensamento
Mizukami
(2002) diz que a Formação Continuada será mais efetiva quando os
profissionais forem investigadores pesquisadores e as pautas e ou
planejamentos de estudos surgirem da necessidade deles, ou seja, da
realidade de cada instituição, ou ainda de cada grupo de
professores/educadores seguindo uma lógica de necessidades e
interesses que podem ser da coletividade ou mesmo do interesse de
cada um, construindo formas de atuação e avaliação pela própria
rede de ensino.
A
formação continuada especialmente a proposta pelo projeto Sala de Educador envolve uma rede de colaboração entre, Seduc,
Superintendência de Formação, Cefapros, Instituições de
Formação Inicial, Assessorias Pedagógicas, Secretarias Municipais
de Educação e Escolas.
Dentre
as ações de formação os professores formadores atuam no sentido
de: Diagnosticar,
junto aos professores, as necessidades educativas, formativas e
demandas da sua área de atuação; Planejar as ações de formação,
viabilizando metodologias que atendem às necessidades formativas dos
professores do polo; Elaborar o plano de ação por área de
conhecimento; Desenvolver projetos de intervenção referentes às
necessidades diagnosticadas em cada campo de atuação;
Acompanhar e executar as ações formativas em consonância com os
Projeto Pedagógicos; Promover e gerenciar a auto-formação para o
bom desenvolvimento de seu trabalho, atualizando-se em relação aos
conhecimentos científicos e tecnológicos; Avaliar juntamente com a
equipe gestora o processo de formação desenvolvido pelo CEFAPRO no
decorrer de cada período letivo; Orientar, monitorar, acompanhar e
avaliar o trabalho deseonvolvidos nos Laboratórios de Informática e
demais ações tecnológicas das unidades escolares; fazer avaliações
determinadas pela comissão permanente de avaliação.
Estas
ações de Formação em conformidade com os demais projetos de
pesquisa elaborados pelos Centros de Formação ou em parceria com
outras instituições de educação tem sido referência em Formação
Continuada para outras regiões do país, objetivando consolidar a
política de formação, qualificação e atualização dos
Profissionais da rede pública de ensino do Estado de Mato Grosso,
ampliando e criando possibilidades novas para que os educadores
possam atuar de forma a aliar teoria/prática.
O texto então nos leva a voltar
nossa atenção as perguntas elencadas inicialmente e fazer uma
séria reflexão a cerca de qual a concepção de Formação
Continuada atualmente em desenvolvimento em nossas unidades
escolares, com fins de observar se a mesma está em sintonia com a
proposta de formação continuada preconizada pelos programas e
projetos para o Estado de Mato Grosso.
REFERÊNCIAS
CANDAU,
Vera Maria e LELIS, Isabel Alice. A relação teoria-prática na
formação do educador. In: CANDAU, Vera Maria (org.). Rumo a uma
nova didática. Petrópolis, RJ: Vozes, 3ª edição, 1990, 49-63.
FUSARI,
José Cerchi et alli (2002). Reformas da Secretaria de Educação do
Estado de São Paulo: considerações críticas. In: Revista de
Educação: Progressão continuada ou aprovação automática?, nº
13. São Paulo: APEOESP. 2ª edição.
HUBERMAN,
M. La vie do enseignants: evolution et bilan de une profession.
Paris: Delachaux et Niestlé, 1989.
__________.
Formação de professores: pesquisa, representações e poder.
Belo Horizonte: Autêntica, 2000.
MIZUKAMI,
M. G. N., et al. Escola e aprendizagem da docência: processos
de investigação e formação. São Carlos: EdUFSCar, 2002.
NÓVOA,
A. (Org.). Vidas de Professores. Porto: Porto Editora, 1992.
__________.
Os professores e sua formação. Lisboa: Nova Enciclopédia,
1992.
THIOLLENT,
M. Metodologia da pesquisa-ação. 4 ed. São Paulo: Cortez,
1998.
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