OS CICLOS DE
FORMAÇÃO HUMANA EM MATO GROSSO E AS
ORIENTAÇÕES
CURRICULARES PARA A ÁREA DE LINGUAGENS
Sara
Cristina Gomes PEREIRA
Centro
de Formação e Atualização dos Profissionais da Educação Básica
Ketheley
Leite FREIRE
Centro
de Formação e Atualização dos Profissionais da Educação Básica
Élidi
Preciliana PAVANELLI
Centro de Formação
e Atualização dos Profissionais da Educação Básica
RESUMO: Considerando
que a educação tem como papel preponderante a Formação Humana e
objetiva atender às novas necessidades sociais, as políticas e
práticas educacionais têm empenhado esforços no sentido de
priorizá-la, incorporando de forma definitiva a Organização por
Ciclos, condição que se avalia mais inclusiva e voltada para a
promoção humana acompanhada da qualidade necessária para a vida
cidadã (PARENTE, 2006). Neste sentido as Orientações Curriculares
para o Estado de Mato Grosso apontarão as estratégias e os recursos
necessários destinados a estas ações pedagógicas. Nessa
perspectiva, esta organização escolar é pensada e proposta
contextualizando a Área de Conhecimento e seus respectivos
componentes curriculares, considerando as características inerentes
a cada ciclo vital humano como infância, pré-adolescência e
adolescência. Surge, portanto, a necessidade de repensar a práxis
pedagógica, de modo que os conhecimentos específicos de cada
componente curricular possibilite a construção e/ou a
ressignificação sócio-histórico-cultural que favoreçam aos
sujeitos envolvidos, a ampliação da visão de si, de sua família,
da escola, do bairro onde mora, da sociedade e cultura em que vive, e
busquem transformações. Na área de Linguagens, as disciplinas
compartilham objetos comuns de estudo que podem, articuladamente,
convergir para a construção, desenvolvimento e compreensão do uso
particular das linguagens. Dentre estes objetos estão o código, o
texto e a leitura. O conceito de Linguagem aqui citado possibilita
reafirmar que as práticas sociais são constituídas pela/na inter e
transdicisplinaridade (MATO GROSSO/SEDUC, 2010). O estudo da revisão
bibliográfica mostra que a humanização proposta por esta
organização escolar redesenha o trabalho dos profissionais da área
de linguagens.
Palavras-chave:
Linguagem; Orientações Curriculares; Ciclo de Formação Humana.
ABSTRACT: Whereas education
has the leading role for the human formation and objectively meet new
social needs, the educational policy and practice has committed
efforts to prioritize it, incorporating in a definitive way the
Organization by cycles, Condition that evaluates more inclusive and
focused on the human promotion accompanied by the necessary quality
for the citizen’s life (PARENTE, 2010). In this sense the
Curricular Guidelines for the State of Mato Grosso will appoint the
strategies and the resources necessary for these pedagogical actions.
In this perspective, this school organization is intended and
proposed contextualizing the knowledge Area and their respective
Curriculum components, whereas the characteristics inherent to each
vital cycle as human childhood, pre-adolescence and adolescence.
There appears, therefore, the need to rethink the pedagogical praxis,
so that the specific knowledge of each component curriculum enables
the construction and/or resignification socio-cultural-historical
that favor the subjects involved, the extension of the vision of
themselves, their family, the school, the neighborhood where they
live, society and culture in which he lives, and seek changes. In the
area of languages, the disciplines share common objects of study that
may, articulately, converge on the construction, development and
understanding of the use of particular languages. Among these objects
are the code, the text and the reading. The concept of language here
cited allows reaffirm that the social practices are constituted by/in
inter and transdicisplinary (MATO GROSSO/SEDUC, 2010). The study of
literature review shows that the humanization proposal for this
school organization redesigns the work of professionals in the area
of languages.
Key
Words:
Language;
Curricular Guidelines; Cycle of human formation.
Introdução
Neste texto
apresentaremos a proposta curricular da escola organizada por Ciclos
de Formação Humana em harmonia com as Orientações Curriculares
para a educação básica do estado de Mato Grosso que tem como
princípio para sua estruturação, considerar as características do
ciclo vital de desenvolvimento humano apoiando-se nos estudos da
neurociência.
Apresentaremos
algumas ações formativas desenvolvidas pelas professoras formadoras
da área de Linguagens do CEFAPRO1
de Sinop/MT, que compõe o Grupo de Estudos GEPLIA2,
considerando o repensar da práxis pedagógica onde o movimento de
cada disciplina da área possibilita a construção e/ou
ressignificação sócio/histórico/cultural da aprendizagem.
Sendo assim, pensar
o ensino/aprendizagem por área do conhecimento implica em entender a
relação entre os objetos comuns às disciplinas da Linguagem
(código, texto e leitura) de modo que a compreensão dessa relação
possibilite a construção, desenvolvimento e compreensão dos
variados usos da linguagem.
Organização
Curricular para o estado de Mato Grosso e os Ciclos de Formação
Humana
Um olhar mais atento
para organização curricular por Ciclos de Formação Humana
evidencia a necessidade de transformação no currículo conforme
relembra Freitas (2003) fundamentando-se no educador russo do século
XX Pistrak ao dizer “o ciclo dá como parâmetro para o professor
os seguintes elementos, que deverão informar sua prática
pedagógica: as fases de desenvolvimento humano do aluno, suas
características pessoais e as vivências socioculturais.”
Em conformidade com
este pensamento a organização por Ciclos não será meramente uma
solução pedagógica para sanar problemas de ordem estrutural, ou
seja, apenas combater a evasão e a repetência, mas principalmente
uma organização curricular que possibilite o desenvolvimento de
novas relações sociais onde os tempos e os espaços escolares sejam
colocados a serviço de novas relações entre estudantes e
educadores.
De acordo com Mato
Grosso/Seduc, a concepção de educação como processo de formação
humana remete à organização em ciclos de formação humana que
pressupõe ao educador:
... determinadas
posturas frente ao mundo, à sociedade e ao sentido do conhecimento.
Pressupõe um educador que se pergunta sobre o que fundamenta o seu
pensamento pedagógico, a sua concepção de ser humano, de mundo e
de sociedade e como isso se relaciona com a sua concepção de
educação e suas práticas pedagógicas. (...) Isso coloca a
necessidade do educador lidar com as teorias do conhecimento, ter
clareza de qual caminho está percorrendo, de qual é o seu ponto de
partida e aonde pretende chegar, ou seja, que tipo de ser humano quer
formar e que tipo de sociedade quer construir. Consciente ou
inconscientemente, teoria e método materializam-se nas práticas,
nas atitudes e nas relações educador/educando. (MATO GROSSO/SEDUC,
2010, p. 47)
Em conformidade com
esta organização curricular temos uma nova visão de mundo e de
sociedade. Desta forma a escola pública anteriormente constituída
por séries com fins e princípios ligados apenas a aquisição de
conhecimento de conteúdos descontextualizados da realidade
sócio-cultural e histórica do estudante passa a dar lugar a uma
organização curricular com princípios orientados pelo respeito ao
ser humano e as relações sociais solidárias. O currículo assim
organizado beneficia a todos aqueles que direta ou indiretamente
estejam envolvidos neste processo, ou seja, toda a comunidade
escolar, principalmente os estudantes, pois nesta forma de
organização todos os envolvidos no processo passam a ter voz,
segundo o princípio da democracia.
Vemos assim que o
currículo anteriormente firmado sobre princípios de Educação para
poucos com concepções do Taylorismo/Fordismo3
(Mato Grosso/Seduc, 2010), passa a dar lugar a uma organização
curricular com novas concepções voltadas para os aspectos humanos,
como o fortalecimento intelectual e social das classes populares
assegurando a todos o ingresso a permanência e a qualidade da
educação.
Se
atentarmos para a concepção pedagógica que fundamenta os Ciclos de
Formação Humana perceberemos a importância do entendimento e
respeito às fases de desenvolvimento humano da criança e do
adolescente descritas por Piaget segundo a epistemologia genética e
que fundamenta o construtivismo, também nos reportaremos ao
sócio-interacionismo teoria na qual Vygostky propõe a construção
sócio histórica e cultural como base para a formação e ou
desenvolvimento humano ten considerando que são nas relações entre
os pares que acontecerá a construção do conhecimento. Nesta
concepção de educação e currículo não podemos desconsiderar os
estudos e as propostas para a educação de Paulo Freire quando
evidencia em suas obras que um dos princípios da educação
perpassam valores de liberdade, autonomia e esperança.
Com esse
entendimento as transformações de um currículo anteriormente
estruturado por Séries para um organizado por Ciclos de Formação
Humana demandam reformulações em suas bases teóricas, ou seja,
mudanças de concepção e transformações metodológicas na forma
de planejar atuar e avaliar, tendo em vista que um currículo rígido
inflexível pré-elaborado por gestores e professores passará a dar
lugar a um currículo flexível e contextualizado com as reais
necessidades da comunidade a qual serve, permitindo assim que o
principal interessado o educando também participe de sua elaboração
e implementação.
Este currículo para
Formação Humana introduz sempre novos conhecimentos relacionados a
vivência do aluno, às realidades regionais e cotidianas dos mesmos.
Desta forma os educandos são constituintes da docência, das funções
da escola e da formação curricular e por elas são constituídos.
Sendo assim uma postura crítica e reflexiva sobre o currículo de
cada instituição escolar faz-se necessário.
Nesse entendimento o
currículo da escola, quando organizado de forma fragmentada onde as
disciplinas aparecem compartimentadas ou em gavetas que não se
entrecruzam, dará lugar a um currículo interdisciplinar voltado
para a formação humana em sua totalidade se considerarmos que o
cérebro humano organiza-se de forma interdisciplinar.
Sendo assim as ações
dos envolvidos no processo ensino aprendizagem também deverão
acontecer de forma inter/transdisciplinar, se reconhecermos que o
conhecimento só será significativo se construído dessa forma. Esse
entendimento se confirma nas palavras de Fazenda (1993) quando diz
“[...] A interdisciplinaridade depende então, basicamente, de uma
mudança de atitude perante o problema do conhecimento, da
substituição de uma concepção fragmentária do ser humano”.
Com este currículo
interdisciplinar as ações pedagógicas não se alicerçam mais no
“que” se transmite, mas no “como” se constrói o
conhecimento. Ao adotar a interdisciplinaridade no currículo não
significará o abandono às disciplinas, mas a articulação entre
elas com o propósito de articular mundo real e hipotético interação
social, cultural e natural, com fins de que a aprendizagem
possibilite ao educando se integrar a sociedade de modo ativo
interagindo e interferindo sobre ela. Dessa forma o protagonista da
aprendizagem passa a ser o educando que interagindo com os demais
envolvidos no processo alcançarão os objetivos por eles propostos.
Entendemos assim que
as demandas do cotidiano educacional, exigem constantes pesquisas
interdisciplinares e a escola deverá ser este lugar, não da
fragmentação da aprendizagem, do ensino sem significado, mais sim o
lugar das inter-relações do trabalho colaborativo possibilitados
por um currículo interdisciplinar.
Este outro olhar
para o currículo preconiza novos olhares a avaliação e o seu papel
na Escola Organizada por Ciclos de Formação Humana que certamente
não será mais o de classificar, excluir, medir. Mais sim o de
oferecer subsídio aos Educadores e educandos para o replanejar dos
trabalhos na escola.
Entendendo assim que
não só o educando deverá ser avaliado, mas todo o processo
pedagógico bem como todas as ações ali estabelecidas. No caso
específico da avaliação feita pelo educador deverá estar centrada
na aprendizagem, no que o educando já consegue construir em termos
de aprendizagem significativa, bem como no replanejamento dos
objetivos e atividades didáticas, considerando a avaliação como um
processo metodológico, desconstruindo a dicotomia
metodologia-avaliação e favorecendo as relações entre
educandos/educandos e entre esses e os educadores. Neste sentido uma
avaliação diagnóstica, processual e formativa alcançarão os
resultados propostos em conformidade com Pereira (2009).
A estrutura do
currículo em Mato Grosso para os anos iniciais da educação básica,
segundo a Resolução 262/02 do CEE/MT no seu artigo 5º aponta para
A adoção do regime escolar por Ciclos de Formação Humana, que
pressupõe a duração do ensino fundamental ampliado para 9 anos,
tendo em vista a ampliação do tempo de permanência na escolaridade
obrigatória.
No caso do Ensino
Fundamental, sua composição observa a organização de 3 ciclos,
cada um com duração de 3 anos, organizados em fases
correspondentes às temporalidades da formação humana: 1º ciclo:
Infância (6 à 8 anos), 2º ciclo: Pré–adolescência (9 à 11
anos) e Adolescência (12 à 14 anos). Neste sentido Lima (2008) traz
as contribuições da neurociência ao falar que: [...] o cérebro se
desenvolve através do diálogo entre a biologia da espécie e a
cultura, considerando que na escola o currículo constitui-se fator
que incide no desenvolvimento da pessoa[...] sendo assim, as
atividades para conduzir às aprendizagens precisam estar adequadas
às estratégias de desenvolvimento próprias de cada idade. Em
outras palavras a realização do currículo precisa mobilizar
diferentes funções do desenvolvimento humano, como a função
simbólica, a percepção, a memória, a atenção e a imaginação.
Para consolidar
esse processo, esta mesma Resolução estabelece que a adoção dessa
forma de organização curricular considera a pluralidade de saberes
e experiências cognitivas, reconhecimento da diversidade cultural
como fatores enriquecedores do processo educativo, superadores de
toda forma de discriminação, segregação e exclusão social.
Num
entendimento que a ampliação do ensino fundamental de 8 para 9 anos
aponta para uma nova forma de organização curricular é que a
Secretaria Estadual de Educação do Estado de Mato Grosso desde 1996
vem implementando essa política, sendo possível reconhecer que a
Escola Organizada em Ciclos de Formação Humana se constitui como
Política Pública Estadual de Educação em atendimento a LDB
9394/96, consolidada pelas Orientações Curriculares da Educação
Básica do Estado de Mato Grosso em 2010.
Tomando
como base a legislação que transita nas diversas dimensões,
principalmente a pedagógica, é possível afirmar que embora sejam
distintos, o Ensino de 9 anos, instituído pelo MEC em 2006 e a
Escola Organizada em Ciclos de Formação Humana instituído pela
SEDUC são indissociáveis, onde o primeiro fora implantado para
ampliar o tempo e a qualidade da educação e o segundo antecipa-se a
consolidação e a implementação dessa política. É coerente
afirmar que o caráter antecipador da Escola Organizada em Ciclos de
Formação Humana neste estado se constitui como política de
educação, assegurando o compromisso com a qualidade social do
ensino de 9 anos, considerando que a maioria dos Estados e
Municípios já a adotaram pela necessidade de implantar e
implementar uma política própria de educação e de reorganização
curricular que possibilite e assegure financiamentos/investimentos,
em diversos aspectos importantes da educação.
A
área de Linguagem e a Formação Humana
Para Mato
Grosso/Seduc (2010) uma área de conhecimento caracteriza-se por
reunir disciplinas que possuem em comum: princípios, conceitos,
modelos interpretativos e explicativos sobre certos aspectos do
mundo. Estes ao se constituírem como focos de interesse e análise,
transformam-se em objetos de estudo. As investigações em torno dos
objetos de estudo de uma mesma área resultam numa rede de saberes e
de tecnologias que se tangenciam ora por conceitos, ora por
procedimentos, ora por seus produtos, permitindo, assim, organizá-los
a partir de distinções e classificações comuns que transitam de
uma disciplina para outra.
Ao optarmos
pela organização curricular em áreas de conhecimento pretende-se
que cada campo do saber adquira dinamicidade e articulação, tanto
entre suas disciplinas quanto entre as próprias áreas,
possibilitando maior flexibilidade, pontos de interesse e metas
comuns no que diz respeito à construção do conhecimento pelo
educando.
A atenção
aos pontos de contato entre as diversas disciplinas de uma área ou
das áreas entre si tem por objetivo promover uma prática
interdisciplinar no currículo, tomando-o de forma orgânica, ou
seja, superando-se a disposição artificial e fragmentada no trato
dos objetos de estudo nas disciplinas através de ações favoráveis
a articulação e integração dos conhecimentos. Isto, contudo, não
significa a negação dos conteúdos disciplinares ou daqueles
específicos de cada ciência, antes, implica na eleição e no
tratamento de eixos articuladores comuns às diversas disciplinas e
aos campos de conhecimento, enfatizando e explorando a intersecção
que possuem entre si.
O sucesso do
empreendimento interdisciplinar depende, portanto, da manutenção de
um diálogo fecundo entre as matérias no que diz respeito aos temas
considerados centrais pela comunidade escolar. Nenhum objeto de
estudo pode ser compreendido em toda sua dimensão quando abordado de
forma isolada. Sabemos, também, que o professor, mesmo que
assistematicamente, ao ensinar determinado conteúdo, utiliza em seu
discurso uma gama de informações colhidas em variados campos de
saber. Se assim é, o
ensino por área de conhecimento, longe de descaracterizar os objetos
de estudo ou as disciplinas, vem implementar, integrar e sistematizar
o ensino das disciplinas escolares.
Por outro lado, a organização curricular em áreas não pode ser
confundida com uma mera fusão de disciplinas. Seu foco está em
reconhecer e observar que as demarcações e as fronteiras de cada
ciência não são estanques. Assume, também, a existência de uma
margem ampla de contato e de permeabilidade entre as disciplinas de
maneira a
favorecer cruzamentos de investigações conceituais, procedimentais,
intercâmbios de temas, problemas e de metas pedagógicas.
A tentativa
de se buscar pontos de intersecção entre as ciências e seus
objetos de estudo, divididas tradicionalmente em disciplinas, move-se
na busca por confluências teóricas e práticas que podem ser
tratadas de forma interdisciplinar, seja do ponto de vista da
investigação e construção do conhecimento, seja no que se refere
à reflexão sobre seus resultados tecnológicos. Dessa forma, a
interdisciplinaridade na organização curricular justifica-se
duplamente: de um lado, a partir de seus aspectos epistemológicos -
ao reunir objetos de estudo, paradigmas e problemas afins,
favorecendo seu tratamento conjunto; e, de outro, pedagogicamente -
por potencializar as condições para o ensino e para o aprendizado
solicitados nas diversas disciplinas; bem como facilitar, através
dessa integração, a discussão acerca da produção e utilização
das tecnologias geradas a partir das ciências. A presença de todos
estes fatores no processo de formação é imprescindível ao bom
desenvolvimento pessoal e sócio-cultural dos alunos nessa etapa de
formação.
Especificamente na
área de Linguagens, as disciplinas compartilham objetos de estudos
comuns (código, texto e leitura), que pode convergir para aquisição
e o desenvolvimento da capacidade de produzir e interagir nas e pelas
linguagens.
Os códigos são
constituídos por signos e símbolos que possibilitam a manifestação
interacional da linguagem. De acordo com Mato Grosso/Seduc:
Utilizar as
linguagens é, portanto, interagir a partir de textos, intertextos e
hipertextos produzidos por códigos, pois as linguagens se
concretizam nesses produtos de manifestação significativa e
articulada de uma história social e cultural, únicos em cada
contexto. A partir dessa concepção exige-se, de todas as
disciplinas da área, o reconhecimento do conceito de texto, em
sentido amplo, como objeto de significação, leitura, interação,
apreciação, expressão e fruição dos diversos elementos
linguísticos, pictóricos, corporais, tecnológicos, sonoros,
plásticos, gestuais e cênicos e não apenas aquele restrito à
língua escrita ou à falada. (MATO GROSSO/SEDUC, 2010. p. 12)
O texto, portanto,
é considerado objeto de interpretação que depende da produção de
sentido para existir. Logo, a leitura, nessa perspectiva, se dá pela
(re)significação, fruição, experimentação, apreciação,
codificação e decodificação. Corroborando com esta afirmação,
Mato Grosso/Seduc nos diz que:
Compreender a
leitura, a partir desse olhar superador, tem implícito o
reconhecimento da importância da leitura como vivência, que torna
possível a construção de significados, a representação de mundo,
o compartilhamento de informações, a expressão e a construção da
identidade do processo de interação social que revela, a cada um,
parte de si e do mundo numa relação dialética com a cultura, a
história e a sociedade. (MATO GROSSO/SEDUC, 2010, p. 12)
Portanto, pensar um
currículo dialógico interdisciplinar é considerar relevante as
especificidades das disciplinas que compõem a área, sem, contudo,
pensá-las estanques em cada disciplina, mas correlacionado-as por
meio dos seus objetos comuns.
Para que os alunos
alcancem os objetivos propostos nas áreas de conhecimento, a partir
de problematizações de questões pertinentes ao cotidiano,
propõem-se procedimentos metodológicos que possibilitem construir,
reconstruir conhecimentos e desenvolver autonomia intelectual. A
partir do domínio dos conceitos, conteúdos e métodos de sua
disciplina, o professor terá facilidade em fazer as inter-relações
com as demais disciplinas, o que corrobora a construção de práticas
interdisciplinares. Na análise realizada nas disciplinas e na área,
será possível ao aluno constituir uma síntese provisória, que
será o ponto de partida para novos conhecimentos.
Para sistematizar
estas intenções pedagógicas, o processo de ensino e aprendizagem
se organiza em torno de eixos articuladores, sendo eles fundamentais
para a concretização desse processo e que na prática precisam ser
coordenados entre si. Os eixos são: Linguagens e processos de
interação, representação, leitura e prática; Apropriação do
sistema de representação das linguagens; e Formação sociocultural
nas diferentes linguagens.
De acordo com Mato
Grosso/Seduc:
Esses eixos
articuladores, em cada área de Conhecimento, e entre elas tendem a
ser discutidos e reorganizados/reelaborados ou adaptados de acordo
com a realidade local, de modo a assegurar que os saberes
contextualizados, problematizados e ampliados possibilitem o
desenvolvimento das capacidades - cognitivas, procedimentais e
atitudinais - pelos educandos, na interação com o conhecimento, com
seus pares e com os educadores no processo de ensino aprendizagem.
(MATO GROSSO/SEDUC, 2010, p. 8):
Falar em
desenvolvimento da aprendizagem por capacidades, na perspectiva
vygotskiana, é falar num termo amplo, mas que pode ser definido,
segundo Mato Grosso/Seduc (2010, p. 8), como
ações teórico-práticas que usamos para estabelecer relações com
e entre sujeitos e os objetos do conhecimento (situações, fatos e
fenômenos), por meio da linguagem.
Sendo assim, as capacidades se referem ao conhecimento e aplicação
de estratégias e técnicas apropriadas, relacionadas aos
conhecimentos aprendidos, que o educando busca, em suas experiências
anteriores, para analisar e resolver novos problemas.
Nesse sentido, para
acompanhar o desenvolvimento dessas capacidades pelo educando é que
precisamos dos descritores, que evidenciam a construção dessas
capacidades do/no educando, que traduzem de certa forma o diagnóstico
da realidade no decorrer do processo de desenvolvimento e
aprendizagem.
As capacidades para
os primeiros Ciclos são as Seguintes: Para o primeiro Ciclo:
Reconhecer
as linguagens como elementos integradores dos sistemas de
comunicação; Ler, compreender e construir diferentes textos;
Codificar e decodificar linguagens; Fazer uso social das diversas
linguagens em diferentes situações de fruição e interação;
Vivenciar as diversas práticas de linguagens; Compreender as
manifestações das linguagens; Valorizar a diversidade manifestada
nas diferentes linguagens. Para o segundo Ciclo: Fazer uso das
linguagens como elementos integradores dos sistemas de comunicação;
Ler, compreender e construir diferentes textos; Codificar e
decodificar sistemas das diferentes linguagens; Fazer uso social das
diversas linguagens em diferentes situações de fruição e
interação. Re-significar as diversas práticas de linguagens;
Compreender e valorizar a diversidade manifestada nas diferentes
linguagens. Para o terceiro Ciclo Temos as seguintes capacidades:
Compreender e utilizar as linguagens; Ler, compreender e construir
diferentes textos, considerando as condições de produção,
recepção e circulação. Codificar, decodificar e re-significar
sistemas das diferentes linguagens; Fazer uso social das diversas
linguagens em diferentes situações de fruição e interação;
Vivenciar e re-significar as diversas práticas de linguagens;
Compreender e valorizar a diversidade manifestada nas diferentes
linguagens. Notamos assim que nas três fases do ciclo são as mesmas
capacidades a serem desenvolvidas. O que irá mudar de uma fase para
outra será o grau de dificuldades das atividades oferecidas.
Com
objetivo de
introduzi-las,
desenvolve-las
e consolida-las.
É
importante ressaltar que não existe método único de
ensinar-aprender, independentemente da área de conhecimento ou
disciplina. Há necessidade, portanto, do constante diálogo entre os
professores da área, nos momentos de planejamento, acompanhamento e
avaliação dos alunos e neste momento serão traçados os
procedimentos utilizados para o alcance dos objetivos.
Os professores
precisam ser criativos e perceptivos; devem saber adequar os métodos,
alicerçados na forma como percebem que seus alunos aprendem. Devem
assumir uma postura centrada na mediação dos processos de
construção/reconstrução dos conhecimentos escolares por parte dos
alunos, entendendo-se também como partícipes do processo educativo.
De acordo com as especificidades de sua disciplina, os professores, a
partir de então, serão capazes de criar ou recriar formas mais
adequadas para estimular a produção/re-significação do saber.
Neste entendimento
os estudos realizados no Centro de Formação pelo grupo de
pesquisadores componentes do GEPLIA tem fortalecido e favorecido
ações de atuação e implementação do trabalho por área de
conhecimento nas escolas do Polo CEFAPRO/Sinop. Em consonância com
os estudos do Grupo que aconteceram durante o último ano, foram
realizadas nas escolas que solicitaram ações de planejamento de
área esta ação por sua vez favoreceram a avaliação formativa
proposta pelas Orientações Curriculares.
Mato Grosso/Seduc
(2010) destacam que a Formação Humana e o Currículo Organizado por
Ciclos de Formação Humana para a educação básica do estado de
Mato Grosso tem servido de objeto de estudo e reflexão constante
para os pesquisadores do Grupo GEPLIA e até o momento tem sido
significativo o entendimento desta nova organização curricular por
área de conhecimento, favorecendo não só a atuação dos
professores formadores e pesquisadores do Grupo GEPLIA, mas
principalmente tem possibilitado uma re-configuração do trabalho
pedagógico desenvolvido pelas professoras formadoras junto as
escolas do Polo CEFAPRO/SINOP.
Referências
BRASIL. Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
–
LDB Lei nº 9394/96.
MATO GROSSO/SEDUC.
Orientações
Curriculares:
Concepções
para Educação Básica. Cuiabá, 2010.
_________.
Orientações
Curriculares:
Área
de Linguagens: Educação Básica.
Secretaria
de Estado de Educação de Mato Grosso. Cuiabá, 2010.
________. Conselho
Estadual de Educação.
Resolução N. 262/CEE-MT, 2002.
FAZENDA, I. C.
Interdisciplinaridade:
um projeto em parceria.
São Paulo: Loyola, 1993.
FREITAS, L. C.
Ciclos,
Seriação e avaliação: Confronto
de Lógicas. São Paulo: Moderna 2003.
PARENTE,
Cláudia da Mota Darós. A
construção dos tempos escolares:
possibilidades e alternativas plurais.
Tese (Doutorado em Educação). Universidade Estadual de Campinas,
Faculdade de Educação, Campinas, 2006.
PEREIRA, Sara C. G.
Reflexões
sobre a avaliação na escola organizada por ciclos de formação
humana em Mato Grosso,
2009. Disponível
em <http://www.seduc.mt.gov.br>.
Acesso em: 09 fev. 2010.
LIMA, E. S.
Indagações
sobre currículo:
currículo e desenvolvimento humano / [Elvira Souza Lima];
organização do documento Jeanete Beauchamp, Sandra Denise Pagel,
Aricélia Ribeiro do Nascimento. – Brasília: Ministério da
Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007.
1CEFAPRO:
Centro de Formação e Atualização dos Profissionais da Educação
Básica do Estado de Mato Grosso.
2GEPLIA:
Grupo de Estudos de Linguística Aplicada. Parceria
UNEMAT/UNB/CEFAPRO.
3Princípio
educativo dominante até a década de 80 voltado apenas para a
educação em séries para fins industriais, e mercantilistas com
foco apenas no crescimento econômico, cujos selecionados para esta
organização seriam os de classes econômicas privilegiadas.
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