sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Resenha: Currículo Teoria e História Ivor F. Goodson tradução de Attílio Brunetta Editora Vozes 8 edição Petrópolis RJ – 2008


Sara Cristina Gomes Pereira
( Estudando para a ressignificação do PPP/PPDC em 2019)

O interesse na história do currículo remonta a primeira fase da chamada Nova Sociologia da Educação, iniciada por Michael Yong na Inglaterra.  Neste sentido traremos apontamentos baseados nos pressupostos de Ivor Goodson em seu projeto de pesquisa.
Qual a importância de buscar compreender a história do currículo?(PPP)
Segundo  uma história do currículo isto possibilitaria captar não apenas os pontos de continuidade e evolução, mas prioritariamente as grandes descontinuidades e rupturas do currículo.
Para isso é necessário “desconfiar particularmente da tentação de atribuir significado e conteúdos fixos a disciplinas escolares que podem ter em comum apenas o nome”, o que seria  significado e conteúdos fixos?

            Surgi então a questão, como eram os currículos para as elites? “Isso implica em reconhecer que o objetivo central de uma história do currículo não consiste simplesmente em descrever como se organizava o conhecimento no passado, apena para demonstrar como este era diferente  da situação atual”. Para além disso  compreender que  o processo de construção de Currículo é constituído por “conflitos e lutas entre diferentes concepções sociais, esse processo é tão importante quanto o resultado”.
            “A fabricação do currículo não é apenas o resultado de propósitos “puros” de conhecimento” em conformidade com Foucault “ o currículo não é constituído de conhecimentos válidos, mas de conhecimentos considerados socialmente validos”. E este “não é um processo meramente lógico...mas uma amálgama  de conhecimentos científicos, crenças, expectativas, de visões sociais”. “Uma história do Currículo que se limitasse a buscar o lógico e o coerente estaria esquecendo precisamente o caráter caótico e fragmentado que o moldam e o determinam”.
            O Currículo como epistemologia Social “uma história de currículo precisaria buscar pistas que lhe permitam localizar os conhecimentos e saberes que foram deslocados em favor de outros...mais prestígios, mais força, mais viabilidade social, e por isso não figuram na parte visível da história.” Os currículos fracassados se tornam, nessa perspectiva, tão importantes quanto os bem sucedidos.
            O currículo como possibilitador de identidades: “Diferentes currículos produzem diferentes pessoas, mas estas diferenças não são meras diferenças individuais, mas diferenças sociais”.
É nesta perspectiva que surge o programa de pesquisa de Ivor Goodson, resultando hoje em “um corpo consistente e denso de teorização, .... pelas quais vemos e construímos hoje o currículo social”.
Enfim a História do currículo deverá se preocupar principalmente com uma epistemologia social e política do conhecimento.
Quais as aspiração e os objetivos do currículo? PPP
Os conflitos em torno da definição do currículo escrito proporcionam uma prova visível, pública e autentica da luta constante que envolve as aspirações e objetivos de escolarização”
Para Yung 1977 o “currículo como fato” “precisa ser considerado não como mera ilusão, camada superficial da prática escolar de alunos e professores, mas como uma realidade social, historicamente específica, expressando relações de pessoas”.
Currículo como prática limitada para Yung,  “ao sermos impedidos de situar historicamente os problemas da educação contemporânea, ficamos também impossibilitados de entende-los e controla-los”.
1960 a 1970 na Inglaterra os currículos “ A escola estava profundamente envolvida na educação de todos os alunos, esta escola valorizava mais que tudo a autonomia deles”. Como é a escola de hoje?

Pontos autos do currículo “diziam respeito, até certo ponto, as expectativas em relação às quais os mestres deveriam ser positivos, determinados e ambiciosos”.
Como são os professores hoje? Quais suas expectativas?

“É politicamente ingenuo e conceitualmente inadequado afirmar que o importante é a prática em sala de aula ( da mesma forma que é uma ignorância querer excluir a política da educação. O que importa...é compreender os parâmetros  anteriores à pratica... “não são simplesmente as definições intelectuais que emanam do currículo escrito as que possuem força... o currículo escrito não passa de um testemunho visível, público e sujeito a mudanças, uma lógica que se escolhe para mediante sua retórica legitimar uma escolarização”.
“Em síntese o currículo escrito  nos proporciona um testemunho, uma fonte documental, um mapa do terreno sujeito a modificações; constitui também um dos melhores roteiros oficiais para a estrutura institucionalizada da escolaridade”.
“Entender a construção de um currículo é algo que deverá proporcionar mapas ilustrativos das metas e estruturas prévias que situam a prática contemporânea”.
Dinamicidade na Construção do Currículo.
“O currículo é construído, negociado e reproduzido...um movimento em direção a uma visão construcionista mais histórica e social da ação do currículo...formulado numa variedade de áreas e níveis”.
“ Como observei... o currículo escrito é, num sentido real, irrelevante para a prática, ou seja, a dicotomia entre o currículo adotado por escrito  e o currículo ativo, tal como é vivenciado e posto em prática, é completa e inevitável”.
Cuban 1984 descreve  a escolarização nos Estados Unidos: “ Ao examinar a forma como diversas forças modelaram o currículo e suas consequências para as salas de aula durante o último século  EX: como um furacão quando agita-se no oceano... a dois metros da superfície, águas turbulentas...enquanto isso, no fundo do oceano vivem imperturbáveis moluscos.”  A analogia ocorre pois,  no sentido de que embora haja uma turbulência em sala de aula na implementação do currículo, os parâmetros que subsidiam estas práticas permanecem não analisados, ou seja por vezes o currículo PPP está sobrecarregado com informações, no entanto as que de fato fazem Parte da rotina da escola não consta do documento.
Segundo Goodson “mesmo que haja dicotomia entre currículo escrito, teoria curricular e prática, será que esta dicotomia não é parte de um debate contínuo, uma situação que em certo sentido é mais oque cumpre do que o inevitável?” Estas distâncias entre teoria e prática no currículo no período de 1880 a 1900 tinham uma estreita ligação. “uma visão sustentada por avanços no campo da psicologia e da fisiologia relacionadas a aprendizagem humana”.

Um dos fatores preponderantes na implementação do currículo ou PPP será a participação ativa dos que estarão envolvidos em desenvolve-lo. Ou seja há uma relação intrínseca entre a construção pré-ativa e a execução interativa do documento.
Neste movimento convêm refletir:  O que é interesse e o que é necessário que haja no currículo?  “Por exemplo em 1860 a ciência foi excluída do currículo, vinte anos mais tarde ela reapareceu em uma versão diluída de ciência pura, ciência de laboratório, visão que persiste até nossos dias.”
Ou seja quais as disciplinas, os conteúdos, os conceitos que estarão presentes em nosso currículo? Como eles serão trabalhados e avaliados? Quem define isso?
Personalização do Currículo

“Em síntese houve, houve anteriormente uma luta para fazer crer que determinada versão de escola deveria ser boa.”  “ A luta para que definir um currículo envolve prioridades sociopolíticas e de ordem intelectual”.
Como operacionalizar o currículo?

O significado da palavra currículo?   Algumas datas significativas para a compreensão de currículo.
Vem da palavra latina Scurrere, correr, e refere-se a curso...”as palavras classe e currículo parecem ter entrado no tratado educacional numa época em que a escolarização estava se transformando em atividade de massa”.
Algumas datas... 1509 – Paris divisão em classes
Século XVI na suíça surge a ideia de disciplinas, primeiro exemplo...conhecimento e controle, contexto social traduzido para ambiente educativo, posterior sala de aula. Conceito de classes advindos do calvinismo.
Século XIX transição do sistema de classe para o de sala de aula.
Smelser 1986 assevera que... “ na família pré industrial de um artesão os próprios pais eram responsáveis por ensinar os filhos...concentrando-se mais no condicionamento emocional dos primeiros anos de vida dos filhos e relativamente   menos em suas funções econômicas e educacionais.
Com o triunfo do sistema industrial e a dispersão da família o sistema deslocou-se para escolarização estatal.
Principais objetivos do ensino no século XVIII e XIX – Ler, escrever e contar.
Século XX – Inglaterra organização em salas de aulas, matérias, horários e notas, padronização, fluxogramas... inovações educacionais com status normativo. O estudo passa a ser com objetivos de certificação. ( 1941)
Tríplice aliança- matérias acadêmicas, exames acadêmicos, alunos aptos ou pedagogia, currículo e exames.
Diferença entre educação de crianças e adultos e escolas para ricos e pobres.
Tensão entre educação e experiência de vida, cultura tradicional e erudita.
Após a Revolução Industrial  acontece a institucionalização do currículo pelo estado. Com um sistema hierárquico em contraposição ao sistema dialético, dialógico e flexível.
“Em debates recentes mestres que buscam com seriedade um ideal abrangente...em tal situação conhecimento e currículo precisam ser apresentados como provisórios”.







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