RELATÓRIO DO PROJETO SALA DO EDUCADOR
Formação Continuada
Escola Estadual Luiz Carlos Ceconello
Lucas do Rio Verde-MT
2012
RALATÓRIO DO PROJETO SALA DO EDUCADOR
Formação Continuada
Diretora:
Sônia Maria Martinelli Ferreira
Coordenação Pedagógica:
Gisláide Aparecida Ferreira de Sena
Eliane Aparecida Guimarães
Coordenadora do Projeto:
Gisláide Aparecida Ferreira de Sena
Não
basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição
que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva
e quem lucra com esse trabalho.
Paulo Freire
Em um mundo globalizado a busca constante pela informação é peça fundamental e estruturante na formação profissional. Nesse contexto, o ensino aprendizagem se remodela para adequar as exigências estabelecidas pelo mercado de trabalho, economia e sociedade, assim o profissional da educação busca a Formação Continuada como base para o crescimento profissional do educador que irá contribui para a sua prática pedagógica de acordo com as políticas educacionais estadual, nacional e global. Imbernón
(2006), sugere a formação permanente ou continuada como instrumento
capaz de compreender, perceber e valorizar a formação como possibilidade
de aliar teoria e prática. O ensino atual, no contexto estadual,
requer uma prática que venha de encontro com a realidade de cada
escola, de acordo com a comunidade na qual ela está inserida e de acordo
com os avanços tecnológicos e científicos da atualidade. Por isso o Projeto Sala do Educador da Escola Estadual Luiz Carlos Ceconello foi estruturado para atender os anseios e as necessidades formativas do grupo de educadores da escola com o intuito de fomentar a práxis, através da escolha de temas de acordo com as mudanças educacionais vigentes e a proposta pedagógica da escola.
Desta forma o projeto propôs estudos a respeito das Orientações Curriculares para Educação Básica do Estado de Mato Grosso, do projeto político pedagógico da escola, planejamento coletivo, regimento escolar, portarias, projetos de aprendizagem, ciclo de formação humana, gestão de conflitos, ética, oficinas pedagógicas, estudo sobre interdisciplinaridade e transdisciplinaridade, uso de mídias e tecnologias, avaliação e relatórios, leituras
complementares, tendo em vista, a necessidade de maior interação
pedagógica e troca de experiência, visando conhecer a analisar as
transformações e tendências educacionais ao nível municipal, estadual e
nacional para exercer com plenitude o processo democrático.
Levando
em consideração que o grupo docente escolheu trabalhar com metodologia
de Projetos de Aprendizagem, a Formação Continuada buscou o suporte
teórico para fundamentar essa prática pedagógica.
A
metodologia de Projetos de Aprendizagem favorece a pedagogia
democrática, uma vez que privilegia a relação dialógica entre educador e
educandos e destes com o objeto do conhecimento. Professores e alunos
em colaboração delineiam e planejam as estratégias de solução às dúvidas
temporárias suscitadas. (SILVA, 2005, p. 48).
Acreditando
nessa proposta a escola aderiu a metodologia de projetos implantando em
todas as fases e ciclos do Ensino Fundamental, fato que influenciou na
mudança de conceitos e percepção de tempo e espaço na escola. Visando a formação dos educadores que fazem parte da equipe de apoio, nutrição e professores,
o Sala do Educador focou na formação humana e na metodologia de
Projetos de Aprendizagem para atender as necessidades formativas do
contexto socioantropológico e educacional vivenciado pela comunidade escolar.
PRESUPOSTOS TEÓRICOS
A formação continuada exerce um
papel crucial, trazendo os educadores para a discussão, pesquisas,
análises e reflexões, pontuando assuntos pertinentes a situação
pedagógica como a prática versada com a teoria. Em consonância com as urgências de um mundo em constantes transformações sociais, tecnológicas e econômicas, fez-se necessário uma ampla discussão a respeitos dos fatos que direta e indiretamente afetam os rumos da educação e das novas propostas e tendências pedagógicas levantando temas como: dinamizar, reorganizar e inovar o espaço educativo;
planejar coletivamente; reestruturar o tempo e os espaços na escola;
estabelecer estratégias para a gestão de conflitos e outros.
Apesar de alguns temas já serem pontos de discussão e estudo ainda
permanecem repletos de novas possibilidades de crescimento e
aprimoramento pedagógico.
No
espaço da organização escolar é indispensável que o educador desenvolva
de maneira simultânea, uma prática pedagógica crítica e construtiva que permita ao estudante aprender a aprender, a desvendar o tecido social que o cerca. Para isso usamos como base e fundamentação teórica para a práxis as Orientações Curriculares para Educação Básica do Estado de Mato Grosso; o construtivismo
de Jean Piaget que demonstra que o raciocínio da criança segue uma
estrutura lógica própria e que vai evoluindo conforme faixas etárias definidas; o Interacionismo de Vygotsky que considera que os elementos biológicos e sociais não podem ser dissociados e exercem influência mútua, desse
modo, a somatória das teorias Vygotsky e Piaget resultam numa escola
preocupada com a construção dos conhecimentos que se constitui pela
interação do sujeito com o meio físico e social, com o mundo dos objetos
e das relações sociais. É importante ressaltar que de acordo com as Orientações Curriculares: Concepções para a Educação Básica (2010):
Do
ponto de vista metodológico, é de fundamental importância reconhecer
que a relação entre o homem e o conhecimento dá-se mediada pela
linguagem, em suas múltiplas formas de manifestação: a língua, a
matemática, as artes, a informática. (OCs 2010 p.32).
Nesse contexto surge a escola organizada por Ciclo de Formação Humana. Porém a organização por Ciclos não deve ser vista como
uma solução pedagógica para sanar problemas de ordem estrutural, ou tão
somente combater a evasão e a repetência. Mais principalmente uma organização escolar
que possibilita o desenvolvimento de novas relações sociais onde os
tempos e os espaços escolares são colocados a serviço de novas relações
de poder entre estudantes e professores proporcionando, então, uma nova visão de mundo e de sociedade. Para que isso ocorra é necessário apropriar-se de meios mais concisos
que possibilite organizar e propor metodologias consistentes e que
estejam de acordo com a realidade da comunidade local. Uma forma de
conseguir isso é através da investigação socioantropológica
e a organização do ensino a partir dos elementos levantados nessa
investigação pode ser feita com a estruturação do complexo temático
A investigação socioantropológica
é, portanto, uma ação metodológica que integra a lógica interna da
visão epistêmica, a qual não prescinde do senso comum para a construção
do conhecimento, pressupondo uma concepção de realidade referenciada na
filosofia da práxis. (OCs 2010 p.53).
Os
educadores levaram para o Sala do Educador as Orientações Curriculares,
e toda a legislação que orientava para o Ciclo de Formação Humana.
Assim foi possível a compreensão do contexto que a escola vivencia, evidenciando assim a necessidade de repensar o currículo o tempo o espaço bem como sua metodologia com o objetivo claro de contemplar as exigências e as peculiaridades da comunidade escolar “Ceconello”. Com o conhecimento teórico os educadores usaram os mecanismos propostos pelas OCs realizando a pesquisa socioantropológica, definindo o fenômeno, estruturando o complexo temático, trabalhando com projetos de aprendizagem e organizando o espaço em salas ambientes.
Portanto
durante a formação muitos temas e textos foram estudados e analisados.
As teorias fomentaram a prática e através delas surgiram ideias e
métodos que mobilizou professores e alunos no fazer pedagógico,
instigando a pesquisa e a produção do conhecimento.
O FAZER NO SALA
No decorrer do desenvolvimento do Projeto Sala do Educador, foram abordados diversos temas que contribuíram para a formação dos educadores. Os encontros eram sempre iniciados por momentos de orações
através de músicas, textos, mensagens...também dinâmicas diversas que a
cada semana tinha um responsável por organizá-las. Quanto ao registro
escrito, também era realizado a cada semana por um componente do grupo,
que registrava conforme o seu entendimento e com suas características.
Em se tratando de Formação Humaana, iniciou-se o trabalho com os educadores, com a reflexão da frase de Sócrates “Conhecece-te a ti mesmo” seguida de questionamentos que propiciavam uma autoanálise. Após essas reflexões todos escreveram uma carta para si mesmo, a
qual só foi lida no encerramento do Sala. As avaliações aconteciam
sempre no final de cada encontro , ou término de cada temática,
oralmente ou através de registro escrito. Outro diferencial que cabe
ressaltar que o desenvolvimento do Projeto
Sala do Educador acontecia em espaços diferenciados, atendendo a
necessidade de cada tema abordado, dinamizando o trabalho. Foram
utilizados a sala de vídeo, o refeitório, o pátio e o laboratório de
informática. . Os temas eram abordados em forma de Exposição,
Seminários, Filmes e Palestras. Contando ainda com a participação de
alunos da 3ª fase do 3º ciclo, que apresentaram sínteses de livros, sobre através de slides.Os pais dos alunos se fizeram presentes.
Dentre
os Temas abordados citamos: Projetos de Aprendizagem, Inquietações
presentes nas vozes dos professores, reconfigurações do papel do
Professor, na escola contextualização e fundamentos. Registros em
Caderno de Campo. Salas Ambientes. Missão Visão e Valores da escola.
Planejamento. Projeto Político Pedagógico Regimento Escolar e Níveis e
Modalidades de Ensino. Orientações Curriculares, Os Princípios Metodológicos Envolvendo a Transdisciplinaridade Ética, Moral e Valores. Recursos Tecnológicos Word, Excel, Paint e Power. Gestão de Conflito. Ética, Educação e Cidadania. A Indisciplina e Formação dos Professores. O Princípio da Transdisciplinaridade
e Processos Pedagógicos. Palestra “Problemas de Comportamento”
Psicóloga Regina, Complexo Temático, Pesquisa Sócio Antropológica ,Matriz de swot e Formação do Alfabeletrar-Jornada de MT.
O OLHAR O SALA
Promover
estudos que visam maior integração entre a teoria e prática educativa e
novos saberes, possibilitando esclarecimentos sobre as mudanças na
política educacional do país e suas tendências pedagógicas é um desafio,
principalmente quando isso acontece após uma jornada de trabalho de 8
horas de aula. Por esse motivo, pensar o PSE para um grupo de educadores
que busca inovar sua metodologia aceitando a proposta de escola
organizada por ciclo de formação humana, estruturada com a metodologia
de projetos dede
aprendizagem em espaços de salas ambientes, é uma tarefa a ser pensada
em suas nuances mais sutis. A recepção, a sequencia e distribuição dos
temas foram pensadas estrategicamente.
A garantia de participação e entusiasmo do grupo sempre foi uma
preocupação constante. Por isso o tema inicial foi a formação humana do
educador. Esse foi o momento de expor os medos e desafios, assim como as
fraquezas e os pontos fortes, assim o grupo construiu um elo de compromisso com o projeto, com o outro e com o eu.
A
qualidade na educação foi a reticências que permeou os diálogos e as
discussões, levantou questionamentos voltados ao fazer pedagógico. A
escola foi vista como um todo ressaltando os aspectos estruturais e suas
esferas físicas, humanas, econômicas, sociais, culturais, documentais e políticas.
A transdisciplinaridade foi matéria prima para moldar os novos saberes e cada educador vivenciou uma investigação socioantropológica
nas 3 horas semanais destinadas ao PSE. Isso foi possível colher nos
relatos avaliativos ao final de cada tema, onde a exposição do eu foi
permeada de introduções do aprendizado com o outro.
A transdisciplinaridade supõe a possibilidade de construção do novo, permitindo
aproximações sucessivas da verdade, que nunca se dá a compreender
plenamente. Por isso, o conhecimento resulta do processo de construção
da totalidade, que nunca se encerra, pois há sempre algo novo para
conhecer. (OCs 2010 p.36).
Cada espaço e cada momento foi utilizado no intuito de promover o aprendizado e troca de saberes.
Contudo foi possível perceber que é
necessário a busca de novas metodologias, capacitações constantes, uma
formação contínua e de qualidade para todos os profissionais, para
juntos superarmos todas as dificuldades existentes não só no interior da
escola mas, em toda a comunidade. Portanto,
este projeto se justifica por trazer ao educador a possibilidade de
ampliar seus conhecimentos teóricos, sua prática pedagógica,
auxiliando-o em melhor desempenho no processo ensino-aprendizagem.
O cronograma foi cumprido de acordo com as possibilidades e ao final
novos temas foram sugeridos e outros são necessários, de acordo com as
avaliações, serem retomados, devido a recorrência e pertinência do assunto.
É importante ressaltar que a formadora do CEFAPRO, professora Sara
Cristina Gomes Pereira, teve participação efetiva e fundamental na
orientação do PSE durante todo o processo de elaboração e execução.
REFERÊNCIAS BOBLIOGRÁFICAS
ABRAMOVAY, Mirian. Debate: violência, mediação e convivência na escola. Salto Para O Futuro, Brasília. 2005
VASCONCELLOS, Celso dos S. Os desafios da indisciplina em sala de aula e na escola. São Paulo: Libertad, 1996.
SOUSA, Sandra Maria Zákia Lian. Avaliação da Aprendizagem: teoria, legislação e prática no cotidiano de escolas de 1º grau. São Paulo: PUC/SP, 1986.
ALMEIDA, Fernando José de. Almeida, Maria Elizabeth B. B. Liderança, gestão e tecnologias: para a melhoria na educação do Brasil. São Paulo, 2006.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo:Paz e Terra, 1996.
HERNÁNDEZ,Fernando. A organização do currículo por projetos de trabalho. Porto Alegre: Artes Médicas,1998.
STRAUB, Sandra Luiza Wrobel.
Estratégias, desafios e perspectivas do uso da informática na educação –
Realidade da escola pública. Cáceres-MT: Editora UNEMAT, 2009.
MORGADO, Maria Aparecida. Da sedução na relação pedagógica. São Paulo: Summus, 2002.
SILVA, Albina P. de P. O uso educativo da tecnologias da informação e da comunicação: uma pedagogia democrática na escola.
UFRGS, 2005.180 f. Dissertação (Mestrado em Educação). Programa de
Pós-Graduação em Educação. Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, 2005.
Orientações Curriculares: Concepções para a Educação Básica. Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso. Cuiabá: SEDUC-MT. 2010. 128p.
ANEXOS
dia 12/09/2012
Mapa da exposição dos projetos de aprendizagem