Sara Cristina Gomes Pereira
( Estudando para a ressignificação do PPP/PPDC em 2019)
O interesse na história do
currículo remonta a primeira fase da chamada Nova Sociologia da Educação,
iniciada por Michael Yong na Inglaterra.
Neste sentido traremos apontamentos baseados nos pressupostos de Ivor
Goodson em seu projeto de pesquisa.
Qual a importância de buscar compreender a história do currículo?(PPP)
Segundo uma história do currículo isto possibilitaria
captar não apenas os pontos de continuidade e evolução, mas prioritariamente as
grandes descontinuidades e rupturas do currículo.
Para isso é necessário “desconfiar
particularmente da tentação de atribuir significado e conteúdos fixos a
disciplinas escolares que podem ter em comum apenas o nome”, o que seria significado e
conteúdos fixos?
Surgi
então a questão, como eram os currículos para as elites? “Isso implica em
reconhecer que o objetivo central de uma história do currículo não consiste
simplesmente em descrever como se organizava o conhecimento no passado, apena
para demonstrar como este era diferente
da situação atual”. Para além disso compreender que o processo de construção de Currículo é constituído por “conflitos e lutas entre diferentes concepções sociais, esse
processo é tão importante quanto o resultado”.
“A
fabricação do currículo não é apenas o resultado de propósitos “puros” de
conhecimento” em conformidade com Foucault “ o currículo não é constituído de
conhecimentos válidos, mas de conhecimentos considerados socialmente validos”.
E este “não é um processo meramente lógico...mas uma amálgama de conhecimentos científicos, crenças,
expectativas, de visões sociais”. “Uma história do Currículo que se limitasse a
buscar o lógico e o coerente estaria esquecendo precisamente o caráter caótico
e fragmentado que o moldam e o determinam”.
O Currículo como epistemologia Social “uma
história de currículo precisaria buscar pistas que lhe permitam localizar os
conhecimentos e saberes que foram deslocados em favor de outros...mais prestígios, mais força, mais viabilidade social, e por isso não figuram na
parte visível da história.” Os currículos fracassados se tornam, nessa perspectiva, tão importantes quanto os
bem sucedidos.
O currículo como
possibilitador de identidades: “Diferentes currículos produzem
diferentes pessoas, mas estas diferenças
não são meras diferenças individuais, mas diferenças sociais”.
É nesta perspectiva que surge o
programa de pesquisa de Ivor Goodson, resultando hoje em “um corpo consistente
e denso de teorização, .... pelas quais vemos e construímos hoje o currículo social”.
Enfim a História do currículo deverá se preocupar principalmente com
uma epistemologia social e política do conhecimento.
Quais as aspiração e os objetivos do currículo? PPP
“Os conflitos em torno da definição
do currículo escrito proporcionam
uma prova visível, pública e autentica da luta constante que envolve as
aspirações e objetivos de escolarização”
Para Yung 1977 o “currículo como
fato” “precisa ser considerado não como mera ilusão, camada superficial da
prática escolar de alunos e professores, mas como uma realidade social, historicamente específica, expressando relações de pessoas”.
Currículo como prática limitada para Yung, “ao sermos impedidos de situar historicamente os problemas da educação contemporânea, ficamos também
impossibilitados de entende-los e controla-los”.
1960 a 1970 na Inglaterra os
currículos “ A escola estava profundamente envolvida na educação de todos os
alunos, esta escola valorizava mais que tudo a autonomia deles”. Como é a escola de hoje?
Pontos autos do currículo “diziam
respeito, até certo ponto, as expectativas em relação às quais os mestres deveriam ser positivos,
determinados e ambiciosos”.
Como são os professores hoje? Quais suas expectativas?
“É politicamente ingenuo e
conceitualmente inadequado afirmar que o importante é a prática em sala de aula
( da mesma forma que é uma ignorância querer excluir a política da educação. O
que importa...é compreender os parâmetros
anteriores à pratica... “não são simplesmente as definições intelectuais que emanam do currículo escrito as que possuem
força... o currículo escrito não passa de um testemunho visível, público e
sujeito a mudanças, uma lógica que se escolhe para mediante sua retórica
legitimar uma escolarização”.
“Em síntese o currículo escrito nos proporciona um testemunho, uma fonte
documental, um mapa do terreno sujeito a modificações; constitui também um dos
melhores roteiros oficiais para a estrutura institucionalizada da
escolaridade”.
“Entender a construção de um currículo é algo que deverá
proporcionar mapas ilustrativos das metas e estruturas prévias que situam a
prática contemporânea”.
Dinamicidade na Construção do Currículo.
“O currículo é construído,
negociado e reproduzido...um movimento em direção a uma visão construcionista
mais histórica e social da ação do currículo...formulado numa variedade de
áreas e níveis”.
“ Como observei... o currículo
escrito é, num sentido real, irrelevante para a prática, ou seja, a dicotomia
entre o currículo adotado por escrito e
o currículo ativo, tal como é vivenciado e posto em prática, é completa e inevitável”.
Cuban 1984 descreve a escolarização nos Estados Unidos: “ Ao
examinar a forma como diversas forças modelaram o currículo e suas consequências para as salas de aula durante o último século EX: como um furacão quando agita-se no
oceano... a dois metros da superfície, águas turbulentas...enquanto isso, no
fundo do oceano vivem imperturbáveis moluscos.”
A analogia ocorre pois, no
sentido de que embora haja uma turbulência em sala de aula na implementação do currículo, os parâmetros que subsidiam estas práticas permanecem não
analisados, ou seja por vezes o currículo PPP está sobrecarregado com
informações, no entanto as que de fato fazem Parte da rotina da escola não
consta do documento.
Segundo Goodson “mesmo que haja
dicotomia entre currículo escrito, teoria curricular e prática, será que esta
dicotomia não é parte de um debate contínuo, uma situação que em certo sentido
é mais oque cumpre do que o inevitável?” Estas distâncias entre teoria e
prática no currículo no período de 1880 a 1900 tinham uma estreita ligação.
“uma visão sustentada por avanços no campo da psicologia e da fisiologia relacionadas
a aprendizagem humana”.
Um dos fatores preponderantes na
implementação do currículo ou PPP será a participação ativa dos que estarão
envolvidos em desenvolve-lo. Ou seja há uma relação intrínseca entre a
construção pré-ativa e a execução interativa do documento.
Neste movimento convêm refletir: O que é interesse e o que é necessário que
haja no currículo? “Por exemplo em 1860 a ciência foi excluída do currículo, vinte anos mais tarde ela
reapareceu em uma versão diluída de ciência pura, ciência de laboratório, visão
que persiste até nossos dias.”
Ou seja quais as disciplinas, os conteúdos, os conceitos que
estarão presentes em nosso currículo? Como eles serão trabalhados e avaliados?
Quem define isso?
Personalização do Currículo
“Em síntese houve, houve
anteriormente uma luta para fazer crer que determinada versão de escola deveria
ser boa.” “ A luta para que definir um currículo envolve prioridades
sociopolíticas e de ordem intelectual”.
Como operacionalizar o currículo?
O significado da palavra currículo? Algumas
datas significativas para a compreensão de currículo.
Vem da palavra latina Scurrere,
correr, e refere-se a curso...”as palavras classe e currículo parecem ter
entrado no tratado educacional numa época em que a escolarização estava se
transformando em atividade de massa”.
Algumas datas... 1509 – Paris
divisão em classes
Século XVI na suíça surge a ideia
de disciplinas, primeiro exemplo...conhecimento e controle, contexto social
traduzido para ambiente educativo, posterior sala de aula. Conceito de classes
advindos do calvinismo.
Século XIX transição do sistema de
classe para o de sala de aula.
Smelser 1986 assevera que... “ na
família pré industrial de um artesão os próprios pais eram responsáveis por
ensinar os filhos...concentrando-se mais no condicionamento emocional dos
primeiros anos de vida dos filhos e relativamente menos em suas funções econômicas e
educacionais.
Com o triunfo do sistema
industrial e a dispersão da família o sistema deslocou-se para escolarização
estatal.
Principais objetivos do ensino no
século XVIII e XIX – Ler, escrever e contar.
Século XX – Inglaterra organização
em salas de aulas, matérias, horários e notas, padronização, fluxogramas...
inovações educacionais com status normativo. O estudo passa a ser com objetivos
de certificação. ( 1941)
Tríplice aliança- matérias acadêmicas,
exames acadêmicos, alunos aptos ou pedagogia, currículo e exames.
Diferença entre educação de
crianças e adultos e escolas para ricos e pobres.
Tensão entre educação e
experiência de vida, cultura tradicional e erudita.
Após a Revolução Industrial acontece a institucionalização do currículo
pelo estado. Com um sistema hierárquico em contraposição ao sistema dialético,
dialógico e flexível.
“Em debates recentes mestres que
buscam com seriedade um ideal abrangente...em tal situação conhecimento e
currículo precisam ser apresentados como provisórios”.