Educação de Jovens e Adultos – EJA – 02-08-2014
Sara Cristina Gomes Pereira – Cefapro/Sinop-MT
Avaliação Como Condição
para a Promoção e a Aprendizagem.
O que representa a escolarização para os alunos da EJA?
Que dificuldades encontram estes estudantes ao retomar a
escola?
O que os motiva a
voltarem à escola e procurar concluir os estudos?
Como avaliar suas aprendizagens?
Como deve ser o
trabalho pedagógico na EJA, para propiciar que os alunos que ali ingressam
permaneçam e concluam os estudos?
Sabe-se que a visão de mundo de uma pessoa que
retorna aos estudos já adulto, alguns até mesmo por um grande tempo afastados
da escola, ou mesmo aqueles que iniciam sua trajetória escolar nessa “FASE da
VIDA” é bastante peculiar.
Protagonistas
de histórias reais, ricos em
experiências de vida, com crenças e valores já constituídos a cada
realidade um tipo de aluno, pessoas que vivem
no mundo do trabalho, com responsabilidades sociais, familiares, crenças e
valores éticos, morais formados da experiência, do ambiente e da realidade
cultural em que estão inseridos. Propor uma avaliação apenas de conteúdos seria
muito reducionista.
Considerando que estudos recentes apresentados
na Sexta Conferência Internacional de educação de Adultos, realizada em Belém
do Pará, em dezembro de 2009, deixou claro o sentido amplo da aprendizagem ao
longo da vida, indicando que o Desenvolvimento Humano é um processo contínuo e que dura por toda a vida humana, desta forma
entendemos que a idade Adulta é rica
em transformações e ressignificação das aprendizagens.
Nesta mesma
conferência ficou evidente que os adultos, possuem experiências acumuladas com uma
visão concreta das situações do cotidiano e que ao ser estimulados pela escola
oportunizarão uma aprendizagem significativa para sua vida.
Desta forma cabe-nos a seguinte pergunta: Como
nós educadores podemos olhar para este contexto dos educandos?
Alguns
depoimentos de alunos da EJA tem demonstrado seu desejo de ao terminar os
estudos, fazer um curso técnico, talvez continuarem seus estudos em uma
faculdade.
Porém a
grande maioria destes estudantes deseja
desenvolver na escola a capacidade de realizar com êxito tarefas do cotidiano,
decidir, agir com otimismo e segurança. Reconhecem por experiência vivida que a
prosperidade não vem sem esforço.
Neste sentido
precisamos propiciar um tipo diferente de avaliação.
Nossa
avaliação no decorrer do processo educativo devera nos permitir ver as transformações
em nossos alunos, em sua maneira de ser, de se comportar, de se relacionar, e
com isso perceber as transformações em seu comportamento e atitudes perante a
vida e o mundo que os cercam.
Nossa
avaliação deverá permitir valorizar as conquistas e as vitorias de cada um
deles, valorizando a sua perseverança e a esperança, considerando cada
conquista obtida com o conhecimento construído.
Avaliar na EJA significa considerar o olhar
sensível de cada estudante seu encantamento com os novos saberes com as novas
vivências, ou seja, privilegiar que estes novos saberes proporcionados pela
escola os fortaleçam, que o prazer e o encantamento destas novas descobertas
seja uma porta aberta para o mundo do conhecimento, oportunizando o exercício do raciocínio lógico, a reflexão, a análise,
a abstração ou seja, que o conhecimento científico seja objeto de prazer e
alegria para cada estudante.
Esta forma
de avaliação permitirá que o aluno não
abandone novamente a escola, não
desista de estudar, sendo este o principal desafio do Educador da EJA.
Sabe-se que grande parte dos alunos
Jovens e Adultos que estão na EJA esperam
da escola um espaço educativo que atenda suas necessidades como PESSOA e não apenas como alunos que ainda não detém o
conhecimento de conteúdos científicos.
Eles acreditam que a escola possa
imprimir neles uma marca importante em suas vidas, isto requer do educador sensibilidade pedagógica,
observação, escuta e registro de seu percurso educativo, olhar para cada
estudante e percebe-lo como principal
motivo de nossas ações pedagógicas, sendo ele o protagonista deste processo.
Desta forma cabe a nós educadores e
pesquisadores de nossa ação educativa possibilitar que a avaliação vá além da obviedade de uma avaliação de conteúdos
formais trabalhados, buscar sempre e valorizar em nossas avaliações a
riquíssima construção de vida de cada aluno, propiciando um diálogo entre a
vida e a escola, recuperando em cada aluno sua percepção e entendimento de ser social, com pluralidade de
interesses.
Incorporando em nossos planejamentos temas diversos, trabalho
cooperativo e principalmente segundo o que diz as Orientações Curriculares de
Mato Grosso para a EJA, “Estabelecer entre aquilo que ensinamos e a vida
concreta dos alunos, modos de tradução que permitam a uns e outros se compreenderem
mutuamente. Não basta leva-los a consciência dos saberes formais.”
Aos professores neste contexto
avaliativo cabe um mergulho e uma imersão nos saberes, para que os diálogos e
articulações de conhecimento se estabeleçam de modo satisfatório.
Sendo assim é Fundamental: transformar a prática avaliativa em prática
de aprendizagem
É necessário avaliar como condição para a mudança de prática e para o
redimensionamento do processo de ensino/aprendizagem.
É importante compreender que avaliar faz parte do processo de ensino e
de aprendizagem:
Não ensinamos sem avaliar, não aprendemos sem avaliar. Dessa forma, rompe-se com a
dicotomia entre ensino e avaliação, como se a avaliação fosse apenas o final de
um processo.
A escola não é o lugar apenas do conteúdo, mas é o espaço onde aprendemos
a construir relações com as coisas – mundo natural e com as pessoas mundo
social.
Essas relações devem propiciar a INCLUSÃO de todos e o desenvolvimento
da autonomia e auto direção dos estudantes, com vistas a que participem como promotores de uma nova vida social.
Finalizo com alguns questionamentos:
Como cada disciplina e cada área pode
criar instrumentos e maneiras que contemple esta forma de avaliar?
Como cada educador pode construir
este entendimento, de que a avaliação
não é apenas medida, mais possibilidade de aprendizagem?
Será que as condições de trabalho dos
educadores implicam na sua forma de avaliar? ( Carga horária, escolas
diferentes, etc...)
Fonte de Pesquisa
Orientações Curriculares para a EJA
de Mato Grosso – 2010
Indagações sobre o Currículo: Currículo
e Avaliação/ Cláudia de Oliveira Fernandes, Luiz Carlos de Freitas- Ministério
da Educação, Scretaria de Educação Básica,2008
Projeto Sentidos e Significados no
Contexto Escolar da EJA – Cefapro/2013
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