“O direito a aprendizagem,
desafios da escola na atualidade”.
Sara
Cristina Gomes Pereira
Professora Formadora no CEFAPRO/SEDUC MT de Sinop.
Princípios e Objetivos do
trabalho pedagógico:
Sabe-se que o direito a educação
e o direito ao trabalho são
inerentes à condição humana, mas para que estes direitos sejam assegurados precisaremos
como educadores refletirmos sobre algumas questões:
Como a escola organiza o ensino e
a aprendizagem dos estudantes?
Se observarmos nossas escolas
perceberemos que sua organização ainda está pautada em modelos oriundos das
escolas Francesas, cuja estrutura escolar e toda organização e ordenamento
curricular são legitimados em valores do mérito, do sucesso, em lógicas
excludentes e seletivas, em hierarquias de conhecimentos e de tempos e em
cargas horarias pré-estabelecidas e fixas.
Em nossos dias é um desafio desconstruir este
ordenamento em saberes, áreas, tempos, disciplinas mais nobres, menos nobres,
silenciados ao longo dos anos, presentes em alguns currículos.
Esta rigidez de tempos e espaços
muitas vezes não permite que o estudante seja protagonista de sua prática
pedagógica, não da a ele a alegria de desvelar, pesquisar e compreender o mundo
em sua volta bem como sua participação consciente neste mundo.
Observamos assim que esta
estrutura e este ordenamento linear e rígido, em alguns casos não têm garantido
o direito à aprendizagem e a uma educação que envolva conhecimento, trabalho e
cultura.
Considerando este aspecto é de
fundamental importância pensarmos em outras formas de organizar e trabalhar os
conteúdos escolares, a fim de garantir o direito dos estudantes a aprendizagem.
Este é um desafio posto a
educação na atualidade.
Quando organizamos nossos
currículos precisamos refletir seriamente sobre, será que os planejamentos
construídos pela nossa escola são construídos a partir de um diagnóstico feito
com toda a comunidade escolar?
Se sim. Como é elaborado este
diagnostico, de forma individual ou com o coletivo da escola?
Esta reflexão se faz necessária
por que sabemos que em alguns casos as exigências curriculares se distanciam muito
das condições de garantia aos direitos de aprendizagem dos estudantes.
Principalmente se considerarmos
qual é de fato o conhecimento necessário aos estudantes pertencentes aos
setores populares. Lembrando sempre que trabalhamos com educação pública onde
todas as crianças têm direito de aprender e poderão aprender se propiciarmos a elas
diferentes possibilidades para que aprendam.
Precisamos considerar que o
distanciamento dos currículos escolares do contexto de vida dos estudantes por
vezes compromete a garantia do direito a educação básica, nas condições reais
de sua existência.
Assim sendo sabemos que o entrelaçamento entre
o direito à educação, tendo como eixo estruturante o conhecimento, à cultura e
o trabalho nos currículos nos permitira a reflexão de que o tempo na escola não
será o tempo de negação aos direitos básicos a aprendizagem do ser humano e
para tal é fundamental considerar os perfis de infância, de adolescência e de
jovens, com os quais trabalhamos.
É significativo considerar também que nossos
currículo pressupõe, que aquilo que ensinamos coincidam com a necessidade de
conhecimento de milhões de educandos, para não gerar conflitos entre o que a
escola ensina e o que os estudantes necessitam saber para sua vida cotidiana.
Desta forma um bom diagnóstico antes
de qualquer coisa é de fundamental importância. Surge assim a seguinte questão:
Será que com o diagnóstico que
realizamos em nossas escolas conseguimos de fato observar as necessidades
educativas, de nossos estudantes, para organizarmos e ou reorganizarmos nossos planejamentos, nossa atuação e a
avaliação?
Consideramos a importância de que
conhecer o potencial dos estudantes, a comunidade em que estão inseridos, seus
valores sua cultura, fortalecerão o planejamento educacional, e este
conhecimento advém do diagnóstico que realizamos?
Reconhecemos de fato a
complexidade de fatores que influenciam a aprendizagem dos estudantes?
Por exemplo, Sabemos que a presença da família
na escola é fundamental, o que estamos fazendo para atrair a família aos
movimentos educacionais?
Outro fator importante é a compreensão
das políticas educacionais, pois estas influenciam diretamente o planejamento
do professor e consequentemente a aprendizagem dos estudantes. Assim sendo será
que de fato conhecemos os conceitos envolvidos em trabalhar na organização do
currículo no Ensino de Nove anos ou no Ciclo de Formação Humana? Sabemos de
fato qual é a concepção que organiza o currículo nesta perspectiva? Ou apenas
reproduzimos falas equivocadas, como por exemplo, “Já que não posso reprovar os
alunos então não vou me desgastar tentando ensina-los, afinal os alunos não
querem nada com nada”. E os direitos a aprendizagem onde ficam?
Como educadores deveremos concentrar
nossa atenção no que poderemos fazer para contribuir com a aprendizagem de
nossos estudantes e focarmos nossa atenção em como planejamos, como atuamos e como
avaliamos esse esforço fará com que nosso
trabalho e a aprendizagem sejam significativa com isso e faremos a diferença na aprendizagem dos estudantes, e
isto nos levará a uma outra reflexão sobre:
Temos clareza sobre os principais
conceitos de nossa área de atuação ao planejar, atuar e avaliar?
Segundo os documentos oficiais é
importante considerar quais habilidades e ou capacidades se espera dos
estudantes ao planejar um conteúdo, sabemos de antemão qual a capacidade ou
habilidade que este ou aquele conteúdo desenvolverá no estudante?
Considerando que para alcançar
nossos objetivos precisaremos movimentar diferentes metodologias de acordo com
cada área de conhecimento.
Como educadores sabemos que
dependendo da área ou da disciplina em que atuamos precisaremos utilizar
diferentes metodologias, os alunos não aprendem de forma igual e nem ao mesmo
tempo não é verdade?
Sendo assim quais as diferentes metodologias que
utilizamos em nossos planejamentos?
Como organizamos o planejamento geral
da escola o PPP?
Em que momento organizamos os
planos de área ou de aula?
Quais são os reais objetivos e
benefícios deste ou daquele conhecimento para avida do estudante?
Os estudantes são informados como
articular o conhecimento da escola com sua vida cotidiana?
Conseguimos imaginar diferentes
formas de ensinar e aprender? Considerando que temos alunos especiais em nossas
turmas ou em nossa escola?
Desta forma e objetivando garantir
o direito a aprendizagem de todos os estudantes o que discutiremos nesta
formação?
Alguns exemplos:
Qual a importância de planejar
para a educação integral do estudante, para sua vida para o desenvolvimento de
capacidades ou habilidades.
Como reorientar a prática do
planejamento a fim de que o ensino seja desenvolvido de forma cooperativa e
colaborativa, superando as fragmentações do trabalho do educador.
Como fortalecer a equipe gestora
principalmente o coordenador pedagógico para articular um bom planejamento e
desenvolvimento pedagógico, considerando que Já existem experiências positivas
de gestores que se destacam na gestão pública por desenvolverem com sua equipe
reflexões sobre os aspectos que aqui consideramos ser importante.
Sabemos também que há experiências bem
sucedidas de trabalhos pedagógicos inovadores, onde os educadores são
mediadores dos estudantes pesquisadores e que estes estudantes são ativos em
busca de novos conhecimentos cujos desejos de novas descobertas os motivam.
Estes por sua vez são sempre incentivados por seus educadores alcançando
excelentes resultados em sua vida educacional e para, além disso, bons
resultados em sua vida cotidiana.
Nesta maneira de ver a educação não
há lugar para a passividade nem do estudante nem de seus educadores, ambos
deverão ser ativos neste processo.
Esta forma de educação que
considera o Direito a Aprendizagem de Todos os envolvidos cumprirá certamente o
que prevê a legislação sobre os objetivos e finalidades da educação,
principalmente o principal direito propiciado por uma educação de qualidade,
que é de assegurar cidadania e emancipação aos estudantes.
Desta forma pretendemos com esta
Jornada Formativa alcançar o principal objetivo que é promover a formação dos
educadores que atuam na educação básica, com a finalidade de fortalecer a
escola como lugar de múltiplas aprendizagens e a partir das contribuições dos
aportes teóricos e documentos oficiais, favorecer o desenvolvimento de
planejamentos pedagógicos, possibilitando assim que os direitos de aprendizagem
dos estudantes sejam assegurados.
Conclusão:
Como já dizia Paulo Freire: Não é
no silencio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na
ação-reflexão.