segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Texto para apresentação em Brasília- Ciclos de Formação Humana e a área de Linguagem

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OS CICLOS DE FORMAÇÃO HUMANA EM MATO GROSSO E AS
ORIENTAÇÕES CURRICULARES PARA A ÁREA DE LINGUAGENS

PEREIRA, Sara Cristina Gomes, CEFAPRO/Sinop - sara.pereira@seduc.mt.gov.br
FREIRE, Ketheley Leite, CEFAPRO/Sinop - ketheley.rey@seduc.mt.gov.br
PAVANELLI, Élidi Preciliana, CEFAPRO/Sinop - elidi.zubler@seduc.mt.gov.br
GEPLIA/CEFAPRO/UNEMAT/PUC

RESUMO: Considerando que a educação tem como papel preponderante a Formação Humana e objetiva atender às novas necessidades sociais, as políticas e práticas educacionais têm empenhado esforços no sentido de priorizá-la, incorporando de forma definitiva a Organização por Ciclos, condição que se avalia mais inclusiva e voltada para a promoção humana acompanhada da qualidade necessária para a vida cidadã (PARENTE, 2010). Neste sentido as Orientações Curriculares para o Estado de Mato Grosso apontarão as estratégias e os recursos necessários destinados a estas ações pedagógicas. Nessa perspectiva, esta organização escolar é pensada e proposta contextualizando a Área de Conhecimento e seus respectivos componentes curriculares, considerando as características inerentes a cada ciclo vital humano como infância, pré-adolescência e adolescência. Surge, portanto, a necessidade de repensar a práxis pedagógica, de modo que os conhecimentos específicos de cada componente curricular possibilite a construção e/ou a ressignificação sócio-histórico-cultural que favoreçam aos sujeitos envolvidos, a ampliação da visão de si, de sua família, da escola, do bairro onde mora, da sociedade e cultura em que vive, e busquem transformações. Na área de Linguagens, as disciplinas compartilham objetos comuns de estudo que podem, articuladamente, convergir para a construção, desenvolvimento e compreensão do uso particular das linguagens. Dentre estes objetos estão o código, o texto e a leitura. O conceito de Linguagem aqui citado possibilita reafirmar que as práticas sociais são constituídas pela/na inter e transdicisplinaridade (MATO GROSSO/SEDUC, 2010). O estudo da revisão bibliográfica mostra que a humanização proposta por esta organização escolar redesenha o trabalho dos profissionais da área de linguagens.
Palavras-chave: Linguagem; Orientações Curriculares; Ciclo de Formação Humana.

Introdução
Neste texto apresentaremos a proposta curricular da escola organizada por Ciclos de Formação Humana em harmonia com as Orientações Curriculares para a educação básica do estado de Mato Grosso que tem como princípio para sua estruturação, considerar as características do ciclo vital de desenvolvimento humano apoiando-se nos estudos da neurociência.
Apresentaremos algumas ações formativas desenvolvidas pelos formadores da área de Linguagens do CEFAPRO1 de Sinop-MT, que compõe o Grupo de Estudos GEPLIA2, considerando o repensar da práxis pedagógica onde o movimento de cada disciplina da área possibilita a construção e/ou ressignificação sócio/histórico/cultural da aprendizagem.
Pensar o ensino/aprendizagem por área do conhecimento implica em entender a relação entre os objetos comuns às disciplinas da Linguagem (código, texto e leitura) de modo que a compreensão dessa relação possibilite a construção, desenvolvimento e compreensão dos variados usos da linguagem.

Organização Curricular para o estado de Mato Grosso e os Ciclos de Formação Humana
Um olhar mais atento para organização curricular por Ciclos de Formação Humana, evidencia a necessidade de transformação no currículo conforme relembra Freitas (2003) fundamentando-se no educador russo do século XX Pistrak ao dizer, “A organização por Ciclos viabiliza o respeito ao desenvolvimento humano, possibilitando também o desenvolvimento social de formação do indivíduo”.
Em conformidade com este pensamento a organização por Ciclos não será meramente uma solução pedagógica para sanar problemas de ordem estrutural, ou seja, apenas combater a evasão e a repetência, mas principalmente uma organização curricular que possibilite o desenvolvimento de novas relações sociais onde os tempos e os espaços escolares sejam colocados a serviço de novas relações entre estudantes e educadores.
De acordo com Mato Grosso/Seduc (2010), a concepção de educação como processo de formação humana remete à organização em ciclos de formação humana que pressupõe ao educador:
... determinadas posturas frente ao mundo, à sociedade e ao sentido do conhecimento. Pressupõe um educador que se pergunta sobre o que fundamenta o seu pensamento pedagógico, a sua concepção de ser humano, de mundo e de sociedade e como isso se relaciona com a sua concepção de educação e suas práticas pedagógicas. (...) Isso coloca a necessidade do educador lidar com as teorias do conhecimento, ter clareza de qual caminho está percorrendo, de qual é o seu ponto de partida e aonde pretende chegar, ou seja, que tipo de ser humano quer formar e que tipo de sociedade quer construir. Consciente ou inconscientemente, teoria e método materializam-se nas práticas, nas atitudes e nas relações educador/educando. (MATO GROSSO/SEDUC, 2010, p. 47)
Em conformidade com esta organização curricular temos uma nova visão de mundo e de sociedade. Desta forma a escola pública anteriormente constituída por séries com fins e princípios ligados apenas a aquisição de conhecimento de conteúdos descontextualizados da realidade sócio-cultural e histórica do estudante passa a dar lugar a uma organização curricular com princípios orientados pelo respeito ao ser humano e as relações sociais solidárias.
O currículo assim organizado beneficia a todos aqueles que direta ou indiretamente estejam envolvidos neste processo, ou seja, toda a comunidade escolar, principalmente os estudantes, pois nesta forma de organização todos os envolvidos no processo passam a ter voz, segundo o princípio da democracia.
Vemos assim que o currículo anteriormente firmado sobre princípios de Educação para poucos com concepções do Taylorismo/Fordismo3 (Mato Grosso/Seduc, 2010), passa a dar lugar a uma organização curricular com novas concepções voltadas para os aspectos humanos, como o fortalecimento intelectual e social das classes populares assegurando a todos o ingresso a permanência e a qualidade da educação.
Se atentarmos para a concepção pedagógica que fundamenta os Ciclos de Formação Humana perceberemos a importância do entendimento e respeito às fases de desenvolvimento humano da criança e do adolescente descritas por Piaget segundo a epistemologia genética e que fundamenta o construtivismo, também nos reportaremos ao sócio-interacionismo teoria na qual Vygostky propõe a construção sócio histórica e cultural como base para a formação e ou desenvolvimento humano considerando que são nas relações entre os pares que acontecerá a construção do conhecimento. Nesta concepção de educação e currículo não podemos desconsiderar os estudos e as propostas para a educação de Paulo Freire quando evidencia em suas obras que um dos princípios da educação perpassam valores de liberdade, autonomia e esperança.
Com esse entendimento as transformações de um currículo anteriormente estruturado por Séries para um organizado por Ciclos de Formação Humana demandam reformulações em suas bases teóricas, ou seja, mudanças de concepção e transformações metodológicas na forma de planejar atuar e avaliar, tendo em vista que um currículo rígido inflexível pré-elaborado por gestores e professores passará a dar lugar a um currículo flexível e contextualizado com as reais necessidades da comunidade a qual serve, permitindo assim que o principal interessado o educando também participe de sua elaboração e implementação.
Este currículo para Formação Humana introduz sempre novos conhecimentos relacionados a vivência do aluno, às realidades regionais e cotidianas dos mesmos. Desta forma os educandos são constituintes da docência, das funções da escola e da formação curricular e por elas são constituídos. Sendo assim uma postura crítica e reflexiva sobre o currículo de cada instituição escolar faz-se necessário.
Nesse entendimento o currículo da escola, quando organizado de forma fragmentada onde as disciplinas aparecem compartimentadas ou em gavetas que não se entrecruzam,dará lugar a um currículo interdisciplinar voltado para a formação humana em sua totalidade se considerarmos que o cérebro humano organiza-se de forma interdisciplinar.
Sendo assim as ações dos envolvidos no processo ensino aprendizagem também deverão acontecer de forma inter/transdisciplinar, se reconhecermos que o conhecimento só será significativo se construído dessa forma. Esse entendimento se confirma nas palavras de Fazenda (1993) quando diz “[...] A interdisciplinaridade depende então, basicamente, de uma mudança de atitude perante o problema do conhecimento, da substituição de uma concepção fragmentária do ser humano”.
Com este currículo interdisciplinar as ações pedagógicas não se alicerçam mais no “que” se transmite, mas no “como” se constrói o conhecimento. Ao adotar a interdisciplinaridade no currículo não significará o abandono às disciplinas, mas a articulação entre elas com o propósito de articular mundo real e hipotético interação social, cultural e natural, com fins de que a aprendizagem possibilite ao educando se integrar a sociedade de modo ativo interagindo e interferindo sobre ela. Dessa forma o protagonista da aprendizagem passa a ser o educando que interagindo com os demais envolvidos no processo alcançarão os objetivos por eles propostos.
Entendemos assim que as demandas do cotidiano educacional, exigem constantes pesquisas interdisciplinares e a escola deverá ser este lugar, não da fragmentação da aprendizagem, do ensino sem significado, mais sim o lugar das inter-relações do trabalho colaborativo possibilitados por um currículo interdisciplinar.
Este outro olhar para o currículo preconiza novos olhares a avaliação e o seu papel na Escola Organizada por Ciclos de Formação Humana que certamente não será mais o de classificar, excluir, medir. Mais sim o de oferecer subsídio aos Educadores e educandos para o replanejar dos trabalhos na escola.
Entendendo assim que não só o educando deverá ser avaliado mas todo o processo pedagógico bem como todas as ações ali estabelecidas. No caso específico da avaliação feita pelo educador deverá estar centrada na aprendizagem, no que o educando já consegue construir em termos de aprendizagem significativa, bem como no replanejamento dos objetivos e atividades didáticas, considerando a avaliação como um processo metodológico, desconstruindo a dicotomia metodologia-avaliação e favorecendo as relações entre educandos/educandos e entre esses e os educadores. Neste sentido uma avaliação diagnostica, processual e formativa alcançarão os resultados propostos em conformidade com Pereira (2009).
A estrutura do currículo em Mato Grosso para os anos iniciais da educação básica, segundo a Resolução 262/02 do CEE/MT no seu artigo 5º aponta para “A adoção do regime escolar por Ciclos de Formação Humana, que pressupõe a duração do ensino fundamental ampliado para 9 anos, tendo em vista a ampliação do tempo de permanência na escolaridade obrigatória.
No caso do Ensino Fundamental, sua composição observa a organização de 3 ciclos, cada um com duração de 3 anos, organizados em fases correspondentes às temporalidades da formação humana: 1º ciclo: Infância (6 à 8 anos), 2º ciclo: Pré–adolescência (9 à 11 anos) e Adolescência (12 à 14 anos). Neste sentido Lima (2008) traz as contribuições da neurociência argumentando que: [...] o cérebro se desenvolve através do diálogo entre a biologia da espécie e a cultura, considerando que na escola o currículo constitui-se fator que incide no desenvolvimento da pessoa[...] sendo assim, as atividades para conduzir às aprendizagens precisam estar adequadas às estratégias de desenvolvimento próprias de cada idade. Em outras palavras, a realização do currículo precisa mobilizar diferentes funções do desenvolvimento humano, como a função simbólica, a percepção, a memória, a atenção e a imaginação.
Para consolidar esse processo, esta mesma Resolução estabelece que a adoção dessa forma de organização curricular considera a pluralidade de saberes e experiências cognitivas, reconhecimento da diversidade cultural como fatores enriquecedores do processo educativo, superadores de toda forma de discriminação, segregação e exclusão social.
Num entendimento que a ampliação do ensino fundamental de 8 para 9 anos aponta para uma nova forma de organização curricular é que a Secretaria Estadual de Educação do Estado de Mato Grosso desde 1996 vem implementando essa política, sendo possível reconhecer que a Escola Organizada em Ciclos de Formação Humana se constitui como Política Pública Estadual de Educação em atendimento a LDB 9394/96, consolidada pelas Orientações Curriculares da Educação Básica do Estado de Mato Grosso em 2010.
Tomando como base a legislação que transita nas diversas dimensões, principalmente a pedagógica, é possível afirmar que embora sejam distintos, o Ensino de 9 anos, instituído pelo MEC em 2006 e a Escola Organizada em Ciclos de Formação Humana instituído pela SEDUC são indissociáveis, onde o primeiro fora implantado para ampliar o tempo e a qualidade da educação e o segundo antecipa-se a consolidação e a implementação dessa política. É coerente afirmar que o caráter antecipador da Escola Organizada em Ciclos de Formação Humana neste estado se constitui como política de educação, assegurando o compromisso com a qualidade social do ensino de 9 anos, considerando que a maioria dos Estados e Municípios já a adotaram pela necessidade de implantar e implementar uma política própria de educação e de reorganização curricular que possibilite e assegure financiamentos/investimentos, em diversos aspectos importantes da educação.

A área de Linguagem e a Formação Humana
Para Mato Grosso/Seduc ( 2010) uma área de conhecimento caracteriza-se por reunir disciplinas que possuem em comum: princípios, conceitos, modelos interpretativos e explicativos sobre certos aspectos do mundo. Estes ao se constituírem como focos de interesse e análise, transformam-se em objetos de estudo. As investigações em torno dos objetos de estudo de uma mesma área resultam numa rede de saberes e de tecnologias que se tangenciam ora por conceitos, ora por procedimentos, ora por seus produtos, permitindo, assim, organizá-los a partir de distinções e classificações comuns que transitam de uma disciplina para outra.
Ao optarmos pela organização curricular em áreas de conhecimento pretende-se que cada campo do saber adquira dinamicidade e articulação, tanto entre suas disciplinas quanto entre as próprias áreas, possibilitando maior flexibilidade, pontos de interesse e metas comuns no que diz respeito à construção do conhecimento pelo educando.
A atenção aos pontos de contato entre as diversas disciplinas de uma área ou das áreas entre si tem por objetivo promover uma prática interdisciplinar no currículo, tomando-o de forma orgânica, ou seja, superando-se a disposição artificial e fragmentada no trato dos objetos de estudo nas disciplinas através de ações favoráveis a articulação e integração dos conhecimentos. Isto, contudo, não significa a negação dos conteúdos disciplinares ou daqueles específicos de cada ciência, antes, implica na eleição e no tratamento de eixos articuladores comuns às diversas disciplinas e aos campos de conhecimento, enfatizando e explorando a intersecção que possuem entre si.
O sucesso do empreendimento interdisciplinar depende, portanto, da manutenção de um diálogo fecundo entre as matérias no que diz respeito aos temas considerados centrais pela comunidade escolar. Nenhum objeto de estudo pode ser compreendido em toda sua dimensão quando abordado de forma isolada. Sabemos, também, que o professor, mesmo que assistematicamente, ao ensinar determinado conteúdo, utiliza em seu discurso uma gama de informações colhidas em variados campos de saber. Se assim é, o ensino por área de conhecimento, longe de descaracterizar os objetos de estudo ou as disciplinas, vem implementar, integrar e sistematizar o ensino das disciplinas escolares. Por outro lado, a organização curricular em áreas não pode ser confundida com uma mera fusão de disciplinas. Seu foco está em reconhecer e observar que as demarcações e as fronteiras de cada ciência não são estanques. Assume, também, a existência de uma margem ampla de contato e de permeabilidade entre as disciplinas de maneira a favorecer cruzamentos de investigações conceituais, procedimentais, intercâmbios de temas, problemas e de metas pedagógicas.
A tentativa de se buscar pontos de intersecção entre as ciências e seus objetos de estudo, divididas tradicionalmente em disciplinas, move-se na busca por confluências teóricas e práticas que podem ser tratadas de forma interdisciplinar, seja do ponto de vista da investigação e construção do conhecimento, seja no que se refere à reflexão sobre seus resultados tecnológicos. Dessa forma, a interdisciplinaridade na organização curricular justifica-se duplamente: de um lado, a partir de seus aspectos epistemológicos - ao reunir objetos de estudo, paradigmas e problemas afins, favorecendo seu tratamento conjunto; e, de outro, pedagogicamente - por potencializar as condições para o ensino e para o aprendizado solicitados nas diversas disciplinas; bem como facilitar, através dessa integração, a discussão acerca da produção e utilização das tecnologias geradas a partir das ciências. A presença de todos estes fatores no processo de formação é imprescindível ao bom desenvolvimento pessoal e sócio-cultural dos alunos nessa etapa de formação.
Especificamente na área de Linguagens, as disciplinas compartilham objetos de estudos comuns (código, texto e leitura), que pode convergir para aquisição e o desenvolvimento da capacidade de produzir e interagir nas e pelas linguagens.
Os códigos são constituídos por signos e símbolos que possibilitam a manifestação interacional da linguagem. De acordo com Mato Grosso/Seduc (2010):
Utilizar as linguagens é, portanto, interagir a partir de textos, intertextos e hipertextos produzidos por códigos, pois as linguagens se concretizam nesses produtos de manifestação significativa e articulada de uma história social e cultural, únicos em cada contexto. A partir dessa concepção exige-se, de todas as disciplinas da área, o reconhecimento do conceito de texto, em sentido amplo, como objeto de significação, leitura, interação, apreciação, expressão e fruição dos diversos elementos linguísticos, pictóricos, corporais, tecnológicos, sonoros, plásticos, gestuais e cênicos e não apenas aquele restrito à língua escrita ou à falada. (MATO GROSSO/SEDUC, 2010. p. 12)

O texto, portanto, é considerado objeto de interpretação que depende da produção de sentido para existir. Logo, a leitura, nessa perspectiva, se dá pela (re)significação, fruição, experimentação, apreciação, codificação e decodificação. Corroborando com esta afirmação, Mato Grosso/Seduc nos diz que:
Compreender a leitura, a partir desse olhar superador, tem implícito o reconhecimento da importância da leitura como vivência, que torna possível a construção de significados, a representação de mundo, o compartilhamento de informações, a expressão e a construção da identidade do processo de interação social que revela, a cada um, parte de si e do mundo numa relação dialética com a cultura, a história e a sociedade. (MATO GROSSO/SEDUC, 2010, p. 12)

Portanto, pensar um currículo dialógico interdisciplinar é considerar relevante as especificidades das disciplinas que compõem a área, sem, contudo, pensá-las estanques em cada disciplina, mas correlacionado-as por meio dos seus objetos comuns.
Para que os alunos alcancem os objetivos propostos nas áreas de conhecimento, a partir de problematizações de questões pertinentes ao cotidiano, propõem-se procedimentos metodológicos que possibilitem construir, reconstruir conhecimentos e desenvolver autonomia intelectual. A partir do domínio dos conceitos, conteúdos e métodos de sua disciplina, o professor terá facilidade em fazer as inter-relações com as demais disciplinas, o que corrobora a construção de práticas interdisciplinares. Na análise realizada nas disciplinas e na área, será possível ao aluno constituir uma síntese provisória, que será o ponto de partida para novos conhecimentos.
Para sistematizar estas intenções pedagógicas, o processo de ensino e aprendizagem se organiza em torno de eixos articuladores, sendo eles fundamentais para a concretização desse processo e que na prática precisam ser coordenados entre si. Os eixos são: Linguagens e processos de interação, representação, leitura e prática; Apropriação do sistema de representação das linguagens; e Formação sociocultural nas diferentes linguagens.
De acordo com Mato Grosso/Seduc (2010):
Esses eixos articuladores, em cada área de Conhecimento, e entre elas tendem a ser discutidos e reorganizados/reelaborados ou adaptados de acordo com a realidade local, de modo a assegurar que os saberes contextualizados, problematizados e ampliados possibilitem o desenvolvimento das capacidades - cognitivas, procedimentais e atitudinais - pelos educandos, na interação com o conhecimento, com seus pares e com os educadores no processo de ensino aprendizagem. (MATO GROSSO/SEDUC, 2010, p. 8)
Falar em desenvolvimento da aprendizagem por capacidades, na perspectiva vygotskiana, é falar num termo amplo, mas que pode ser definido, segundo Mato Grosso/Seduc (2010, p. 8), como ações teórico-práticas que usamos para estabelecer relações com e entre sujeitos e os objetos do conhecimento (situações, fatos e fenômenos), por meio da linguagem. Sendo assim, as capacidades se referem ao conhecimento e aplicação de estratégias e técnicas apropriadas, relacionadas aos conhecimentos aprendidos, que o educando busca, em suas experiências anteriores, para analisar e resolver novos problemas.
Nesse sentido, para acompanhar o desenvolvimento dessas capacidades pelo educando é que precisamos dos descritores, que evidenciam a construção dessas capacidades do/no educando, que traduzem de certa forma o diagnóstico da realidade no decorrer do processo de desenvolvimento e aprendizagem.
As capacidades para os primeiros Ciclos são as Seguintes: Para o primeiro Ciclo: Reconhecer as linguagens como elementos integradores dos sistemas de comunicação; Ler, compreender e construir diferentes textos; Codificar e decodificar linguagens; Fazer uso social das diversas linguagens em diferentes situações de fruição e interação; Vivenciar as diversas práticas de linguagens; Compreender as manifestações das linguagens; Valorizar a diversidade manifestada nas diferentes linguagens. Para o segundo Ciclo: Fazer uso das linguagens como elementos integradores dos sistemas de comunicação; Ler, compreender e construir diferentes textos; Codificar e decodificar sistemas das diferentes linguagens; Fazer uso social das diversas linguagens em diferentes situações de fruição e interação. Re-significar as diversas práticas de linguagens; Compreender e valorizar a diversidade manifestada nas diferentes linguagens. Para o terceiro Ciclo Temos as seguintes capacidades: Compreender e utilizar as linguagens; Ler, compreender e construir diferentes textos, considerando as condições de produção, recepção e circulação. Codificar, decodificar e re-significar sistemas das diferentes linguagens; Fazer uso social das diversas linguagens em diferentes situações de fruição e interação; Vivenciar e re-significar as diversas práticas de linguagens; Compreender e valorizar a diversidade manifestada nas diferentes linguagens. Notamos assim que nas três fases do ciclo são as mesmas capacidades a serem desenvolvidas. O que irá mudar de uma fase para outra será o grau de dificuldades das atividades oferecidas. Com objetivo de introduzi-las, desenvolve-las e consolida-las.
É importante ressaltar que não existe método único de ensinar-aprender, independentemente da área de conhecimento ou disciplina. Há necessidade, portanto, do constante diálogo entre os professores da área, nos momentos de planejamento, acompanhamento e avaliação dos alunos e neste momento serão traçados os procedimentos utilizados para o alcance dos objetivos.
Os professores precisam ser criativos e perceptivos; devem saber adequar os métodos, alicerçados na forma como percebem que seus alunos aprendem. Devem assumir uma postura centrada na mediação dos processos de construção/reconstrução dos conhecimentos escolares por parte dos alunos, entendendo-se também como partícipes do processo educativo. De acordo com as especificidades de sua disciplina, os professores, a partir de então, serão capazes de criar ou recriar formas mais adequadas para estimular a produção/re-significação do saber.
Neste entendimento os estudos realizados no Centro de Formação pelo grupo de pesquisadores componentes do GEPLIA tem fortalecido e favorecido ações de atuação e implementação do trabalho por área de conhecimento nas escolas do Polo CEFAPRO/Sinop. Em consonância com os estudos do Grupo que aconteceram durante o último ano, foram realizadas nas escolas que solicitaram ações de planejamento de área esta ação por sua vez favoreceram a avaliação formativa proposta pelas Orientações Curriculares.
Mato Grosso/Seduc (2010) destacam que a Formação Humana e o Currículo Organizado por Ciclos de Formação Humana para a educação básica do estado de Mato Grosso tem servido de objeto de estudo e reflexão constante para os pesquisadores do Grupo GEPLIA e até o momento tem sido significativo o entendimento desta nova organização curricular por área de conhecimento, favorecendo não só a atuação dos professores formadores e pesquisadores do Grupo GEPLIA, mas principalmente tem possibilitado uma re-configuração do trabalho pedagógico desenvolvido pelas professoras formadoras junto as escolas do Polo CEFAPRO/SINOP.

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB Lei nº 9394/96.

MATO GROSSO/SEDUC. Orientações Curriculares: Concepções para Educação Básica. Cuiabá, 2010.

_________. Orientações Curriculares: Área de Linguagens: Educação Básica. Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso. Cuiabá, 2010.

________. Conselho Estadual de Educação. Resolução N. 262/CEE-MT, 2002.

FAZENDA, I. C. Interdisciplinaridade: um projeto em parceria. São Paulo: Loyola, 1993.

FREITAS, L. C. Ciclos, Seriação e avaliação: Confronto de Lógicas. São Paulo: Moderna 2003.

PEREIRA, S. C. G. Reflexões sobre a avaliação na escola organizada por ciclos de formação humana em Mato Grosso, 2009. http://www.seduc.mt.gov.br. Acesso em: 09 fev. 2010.

LIMA, E. S. Indagações sobre currículo : currículo e desenvolvimento humano / [Elvira Souza Lima] ; organização do documento Jeanete Beauchamp, Sandra Denise Pagel, Aricélia Ribeiro do Nascimento. – Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007.



1CEFAPRO: Centro de Formação e Atualização dos Profissionais da Educação Básica do Estado de Mato Grosso.

2GEPLIA: Grupo de Estudos de Linguística Aplicada. Parceria UNEMAT/UNB/CEFAPRO.

3Princípio educativo dominante até a década de 80 voltado apenas para a educação em séries para fins industriais, e mercantilistas com foco apenas no crescimento econômico, cujos selecionados para esta organização seriam os de classes econômicas privilegiadas.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Formação Continuada Escola Renee Menezes-Fevereiro de 2013

Tela/ Artista Plástica de Cuiabá-Mt
Atividades Desenvolvidas na Escola Renee Menezes nos dias 14 e 15 de Fevereiro de 2013. Professores Formadores: Reginaldo, Ernandes, Jeferson, José Aldair, José Paulo, Rozilene, Sara, Kátia e Profissionais da Escola Renee Menezes. Projeto de Intervenção Ambiental/ Currículo por Complexo Temático. Quinta-feira: matutino: Professora Sara abordará os seguintes pontos : Uma breve contextualização da política educacional do estado; A organização do ensino fundamental e médio A estrutura das Orientações Curriculares (eixos estruturantes, capacidades e descritores) Professor Jeferson- A organização do currículo por Complexo Temático. Professor José Aldair abordará: A interdisciplinaridade nas ações pedagógica, Professor Reginaldo contextualização do projeto na escola, sua relevância no contexto sócio econômico da região... correlacionando aos princípios e objetivos das OCs e do PPP da escola. Vespertino: Redefinir os grupos de trabalho das 4 ações do projeto (horta, parque/brinquedo, compostagem e arborização) Lembrando que no ano passado foi realizada uma organização semelhante ao complexo temático, então o "fenômeno" nesse caso seria Meio Ambiente, como planejar a partir disso? Grupo por área do conhecimento e iniciaremos o estudo das OCS da área, de maneira a caracterizar e compreender melhor as capacidades, como utiliza-las para planejar. Sexta feira matutino: Retorno ao Planejamento de maneira que o mesmo seja contemplado as ações do projeto Intervenção... por um determinado tempo. Definir com os grupos quais ações serão desencadeadas durante esse tempo, planejamento de aula.